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Movimento perpétuo II

Mitocôndrias e Quasares

Na sequência do artigo anterior verificamos que as falhas tectónicas representam o maior exemplo de deformação rígida. Esta deformação justifica-se pela resposta que um material dá quando submetido a determinados valores de pressão e temperatura. Quando um material é sujeito a um determinado esforço, numa primeira fase, este responde com uma deformação elástica, reversível, que é diretamente proporcional ao esforço; numa segunda fase, com uma deformação plástica ou irreversível, que cresce a maior velocidade que o esforço; por último, responderá com uma deformação rígida ou rutura que, ao contrário das anteriores, interrompe a continuidade original do material.

As falhas são ruturas ao longo das rochas que são observáveis e mensuráveis. As falhas podem ser deslizantes, quando são verticiais e os blocos se movem horizontalmente, tanto para a esquerda como a direita. As falhas normais são fraturas com blocos que se movem de modo vertical. Quando a falha se dá tanto horizontal como verticalmente, assistimos a uma folha oblíqua.

Mas como são identificadas as falhas no terreno ou recorrendo a imagens de satélite? A presença de estrias num plano da falha é o que indica a orientação do deslocamento. Outro elemento que ajuda à identificação das falhas são as pequenas fraturas que são originadas durante um movimento tectónico, que podem ser preenchidas com calcite, gesso ou quartzo: têm uma forma de “S” e as suas dimensões vão de pouco milímetros a vários metros. Devido à energia do deslocamento, as rochas na zona da falha partem-se e formam rochas (brechas) menos duras do que as que as rodeiam. Existe outro tipo de brechas, que são as originadas pela atividade vulcânica ou sedimentar e que recebem o nome de brechas de talude.

Quando as rochas não se fraturam em planos de falha, porque não atingem o ponto de rutura, ficam enrugadas ou dobradas. Talvez seja difícil imaginar a possibilidade de que uma rocha se “enrugue” ou “dobre”, mas isso é exatamente o que acontece, embora esse processos não sejam visíveis por nós, ocorrendo numa escala espaço-temporal que nos excede completamente.

As enormes forças exercidas pelos blocos, por vezes, têm de incidir durante milhões de anos até que, por fim, consigam provocar uma dobra ou deformação, que é o que causa o surgimento das montanhas. Quando os continentes chocam, por exemplo quando a Índia colidiu com a Eurásia, a rocha cede, torna-se elástica, deforma-se e dobra-se de acordo com as forças globais em movimento. Este processo de dobragem é o responsável pela formação das cordilheiras. Foi desta forma que nasceu, há 50 milhões de anos, a cordilheira dos Himalaias, que, como continua a dobrar-se devido às forças que a empurram para Norte, continua a elevar-se, tornando-se um movimento perpétuo!

Por: António Costa

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