Todos os caminhos foram dar à pequena aldeia do Freixinho, uma anexa da freguesia do Lamegal, no concelho de Pinhel, na passada sexta-feira e sábado, por ocasião do quinto Encontro Motard. Aquele que já é conhecido como um dos maiores encontros do género no distrito voltou a surpreender quanto ao número de participantes, que «aumentam a cada ano que passa», adianta Inês Varandas, da organização.
A pacata aldeia, com pouco mais de 30 habitantes, há muito que esperava por estes dias de grande azáfama, tendo sido invadida pelo ruído das centenas de motas que por ali passaram, enchendo de cor, barulho e alegria as suas ruas e desafiando carroças e tractores. Durante dois dias, os moradores contrastaram com os novos visitantes, no entanto, foi esta dicotomia que deu o tom à festa “motard”. «As pessoas querem muito esta festa, estão sempre desejosas que chegue o dia, porque é o único em que vêm a aldeia com muito movimento e apoiam-nos ao máximo», refere a responsável. No total, mais de mil “motards” e visitantes terão passado pela localidade durante o encontro. «Acho que toda a gente adora quando vem, o ambiente é muito intimista e familiar e é essa grande diferença que faz com que tenhamos o sucesso que temos tido até agora», realça Inês Varandas. A ideia deste encontro surgiu há cinco anos com o objectivo de «dar a conhecer uma aldeia tão pequenina, que pouca gente conhecia», diz. No entanto, volvidos outros tantos encontros, «toda a gente no distrito conhece ou, pelo menos, ouviu falar do Freixinho», garante.
O evento é organizado pelo Centro Social Cultural e Recreativo local e envolve quase toda a população, que, com o seu empenho e voluntarismo, contribui anualmente para o êxito desta iniciativa. No entanto, a organização tem como objectivo secundário a angariação de verbas para a requalificação da associação local e da própria aldeia. Além das barraquinhas com “comes e bebes” espalhadas pela localidade, alguns habitantes ainda costumam abrir as suas adegas aos “motards” e a todos os visitantes, oferecendo bebidas e, por vezes, presunto ou queijo. Mas houve outros espaços de lazer, como os lagares de vara, o forno comunitário de duas bocas, o único do concelho, as casas ou palheiras antigas e o “tronco” da aldeia. «Tivemos “motards” de Espanha, nomeadamente um grupo de Cáceres, de Tordosilhas e outro de Andorra. De Portugal veio gente de Aveiro, Leiria, Coimbra, Porto, do distrito da Guarda, Covilhã e Castelo Branco», revela Inês Varandas. Quem não passou despercebido foi Daniel Gonçalves, um “motard” de apenas 7 anos que foi recebido com vários aplausos e incentivos. O mais novo motoqueiro do encontro teve uma Morine 50 logo aos dois anos e, no ano seguinte, aprendeu a andar com o pai. Reside na Rapoula, concelho da Guarda, e acompanha desde muito cedo o pai nestas andanças, sendo já uma presença habitual nesta festa. «Fui eu que lhe incuti este espírito e esta minha paixão antiga», conta José Gonçalves, orgulhoso do seu rebento.
Tânia Santos