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Motards em família

17ª Concentração Invernal dos Lobos da Neve, na Covilhã, atraiu cerca de mil participantes no último fim-de-semana

O frio não travou os cerca de mil motards que rumaram à Covilhã no último fim-de-semana para a 17ª Concentração Invernal dos Lobos da Neve, o único e maior encontro de Inverno do país. Reunidos no aeródromo, e com a Serra da Estrela em pano de fundo, as centenas de motards não passaram despercebidos na “cidade neve”. As altas cilindradas de duas rodas começaram a circular logo na sexta-feira, altura em que começou a invasão pacífica de uma legião de blusões e calças de cabedal nos bares da cidade.

«O que nos move é o convívio», destaca “Buda”, como prefere ser tratado no meio. «É um encontro de amigos», acrescenta este motard do Moto Clube de Mértola, que não se importa de percorrer 400 quilómetros em pleno Inverno para recordar «histórias engraçadas» e falar dos temas mais preferidos dos motards: «Motas, cerveja e gajas», atira. «É um fim-de-semana completamente diferente», completa outro motard do Grupo de Motards da Restauração (Olhão). Paulo Horta veio com a mulher e alguns amigos e quer conhecer a região, a neve e «passar frio», dois elementos a que não estão habituados», ri-se. Enquanto esperavam pelo “show” de “free-style”, a cargo de Paulo Martinho – que atraiu ao aeródromo mais de três mil pessoas – e pelos concertos, muitos dos participantes, quase sempre com um copo de cerveja na mão, preferiram dançar na discoteca “Queda Livre”, que funcionou durante 24 horas, ou na tenda dos concertos para combater o frio. Outros, juntaram-se à volta da fogueira gigante acesa assim que a noite e as temperaturas caíram. Afinal, isto é um encontro invernal e, talvez por isso, o mais carismático do género.

«Isto não é a loucura das iniciativas de Verão. Aqui há o frio, a neve e a chuva, mas o que atrai as pessoas para esta concentração é a amizade, a camaradagem e as motas», salienta Alberto Nogueira, presidente do Moto Clube covilhanense “Lobos da Neve”. «É um ambiente tipo familiar. As pessoas vêm porque gostam realmente disto, vêm encontrar amigos e estar com pessoas que só encontram aqui», sublinha. A edição deste ano regressou por isso «às origens e ao espírito de antigamente». A organização preferiu fazer um encontro mais pequeno, uma festa «essencialmente para a malta das motas e não para o público exterior», explica. Mas nem por isso o programa enfraqueceu, destacando-se os jogos radicais, os espectáculos de “free-style” – em que a grande atracção foi o pioneiro Paulo Martinho com um “show” de quatro motas e um Ferrari – e os concertos de rock com as bandas “Cabeça de Gado”, “Ferro e Fogo”, “Splash” e “Alcoolémia”. O habitual “strip-tease” aconteceu na madrugada de domingo e deliciou uma plateia essencialmente masculina e muito tenaz.

Mas as motards também não faltaram à chamada na Covilhã. Vanda Pereira, enfermeira de Almada e sócia dos “Lobos da Neve”, confessa sentir-se «super à vontade» neste ambiente de homens, onde pedreiros e doutores se misturam sem problemas. «Pelo contrário, como mulher, sinto-me hiper-protegida», garante, rejeitando os habituais preconceitos associados aos motards. «É um ambiente de descontracção, onde não se sentem abusos nem cenas de violência», afirma.

Liliana Correia

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