O cabeça de lista do PSD pelo círculo de Castelo Branco, Morais Sarmento, acusou José Sócrates de ser um «deserto de alternativas, de opções e de visão para Portugal» e um «autêntico debitador de lugares comuns» nas últimas semanas. As críticas ao secretário-geral do PS marcaram a apresentação pública da lista às próximas legislativas na noite da última quinta-feira em Castelo Branco e pautaram o discurso do ministro da Presidência, realçando claramente o “alvo a abater” durante a campanha.
Morais Sarmento desafiou mesmo o líder do PS a «vir ao distrito discutir as ideias», avisando-o logo que terá um problema na campanha. «Acho que o engenheiro José Sócrates já tem consciência de que não deve falar sobre aquilo que não sabe, mas já percebe que pode falar de muita pouca coisa», ironizou o ministro, depois de ter referido algumas ideias «atiradas ao ar» pelo seu adversário nas últimas semanas. «Começou pela co-incineração e acabou incinerado com essa ideia que rapidamente o partido veio corrigir. Depois passou para a transformação dos hospitais S.A. em empresas públicas, mas esqueceu-se que já eram empresas públicas. E o mais grave foi dizer que se preocupava com os idosos e que os queria colocar no limiar da pobreza», exemplificou o cabeça de lista do PSD. «Quando confrontado pelos jornalistas sobre o que quis dizer com a peregrina ideia, amuou, bateu com a porta do carro e ficou desesperado a tentar puxar o cinto de segurança. Mas não há cinto de segurança que lhe valha porque o problema é dele», continuou o ministro, bastante aplaudido nesta sessão. Para Morais Sarmento, Sócrates é o «melhor exemplo da política de marketing: com muita cosmética e pouca substância, sendo evidente a ausência de uma ideia estruturada que dê credibilidade ao futuro».
Ao candidato apenas interessa a «vitória» em Castelo Branco, distrito onde o PS tem sempre conseguido ganhar ao PSD nas legislativas. Facto que levou Sarmento a preparar-se politicamente para a “batalha” que o espera. «A A23 tem 245 quilómetros construídos. Durante os governos PSD foram construídos 202 quilómetros e no Governo do PS apenas se fizeram 43 quilómetros, isto é, 18 por cento do total. No distrito de Castelo Branco, dos 126 quilómetros totais da A23, o PSD construiu 99 e o PS 27 quilómetros. Talvez assim, confrontado com a verdade dos factos, José Sócrates deixe os slogans, as mentiras e venha connosco discutir outros temas», denunciou o ministro, não sem antes anunciar que o Governo já tem «uma solução» para as SCUT «que não penaliza quem reside no distrito». Por sua vez, Carlos Pinto, número dois da lista, considera «lamentável que uma pessoa tente vender, em termos eleitorais, aquilo que é o resultado do trabalho e contributo de muitos desde o 25 de Abril para que o distrito se desenvolva». O autarca da Covilhã propõe então a realização de um debate em cada concelho para «clarificar o que cada partido fez e apresentar propostas para o futuro». Por clarificar até às eleições fica o futuro de Carlos Pinto, que se recusa a revelar se fica na Câmara ou vai para Parlamento após 20 de Fevereiro. «Acho que é um abuso estarmos a antecipar o dia seguinte», contesta.