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Miúdos e graúdos de olho no céu

A observação nocturna decorreu na EB 2, 3 da Sequeira com a participação de alunos e pais

«Que maravilha! Isto é um planeta?», questiona muito admirada uma mãe, enquanto espreita mais uma vez os anéis de Saturno, no grande telescópio instalado no campo de futebol da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos da Sequeira, na Guarda. Os alunos e os pais ou encarregados de educação ficaram a saber que a Lua se encontra a 380 mil quilómetros da Terra, viram estrelas vermelhas, visualizaram o planeta dos anéis e as Luas de Galileu, entre outras curiosidades. A observação nocturna foi organizada pelo grupo de professores de Físico-Química daquela escola, pela primeira vez, na passada quinta-feira.

A Inês Monteiro, a Diana Monteiro e a Sara Santos, do 8º ano, colocaram-se na longa fila para espreitar a Lua através do telescópio. No final, a opinião era unânime: «É muito interessante! Dá para perceber bem as crateras que foram provocadas pelos meteoritos», disseram com sapiência, pois tinham aprendido esta temática nas aulas de Físico-Química, do passado ano lectivo. Mais à frente estavam os mais pequenos, o João e o Zé Luís, do 6º ano, que ainda não dominavam a matéria. No entanto, já tinham visto a Lua ampliada no computador, mas «é diferente», confessa um dos petizes. «Vês o planeta a mexer-se?», pergunta o astrónomo José Matos, da Associação de Física da Universidade de Aveiro (FISUA), a um dos miúdos, que responde timidamente, acenando com a cabeça. «Isso acontece porque o chão debaixo dos nossos pés está a girar, é a rotação da terra», explica. Para além dos alunos e de alguns docentes, na fileira ordenada, também estavam os pais, que foram convidados a participar na actividade extra-curricular. «Viemos ver a lua mais perto», atira uma encarregada de educação, enquanto aguarda pela sua vez.

A astronomia é uma das matérias leccionadas nas aulas de Físico-Química, no sétimo ano de escolaridade, e foi daí que surgiu a ideia «de aliar a teoria dos livros à prática», justifica Isilda Pereira, coordenadora do grupo de Físico-Química. A noite tinha todas as condições para visualizar muitos planetas e constelações. «É o solstício de Verão, a lua está a passar a quarto crescente e este é o maior dia do ano», enumera a docente, que estava claramente satisfeita com a adesão dos pais e dos alunos. «Para já, está visível Vénus, Saturno, a Lua e além Júpiter, vamos ver o que podemos ver mais», aponta para o céu Isilda Pereira, que acaba por desabafar: «O céu está limpo, tivemos sorte».

A fila para espreitar no telescópio era grande, mas todos acabaram por ver, pelo menos, a Lua. Menos sorte tiveram outros que não chegaram a visualizar Saturno, pois «escondeu-se atrás dos prédios», lamenta o astrónomo José Matos, que orientou esta sessão de uma forma lúdica e educativa. «Ali, [indicou com um laser verde], está a estrela Polar. É a única estrela que nunca sai do sítio. Claro que pode sair, mas só daqui a três mil anos», graceja. Também delineou no céu estrelado a linha do Zodíaco. «Ao longo do ano o Sol está em constelações com nome de signos e o mês/dia em que nascemos ditam o nosso signo», refere José Matos, ou seja, daqui a dois meses o Sol vai estar no Leão. Por isso, «as pessoas que nascem em Agosto pertencem ao signo do Leão», conclui. Mas, para o astrónomo anda toda a gente enganada, porque «em Agosto o Sol não vai estar em Leão, mas sim, em Caranguejo». Por isso, quem pensava que era Gémeos é Touro e assim sucessivamente. «A astrologia não se actualizou e continuou a usar os signos como há milhares de anos atrás», acrescenta.

Patrícia Correia

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