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Misericórdia da Covilhã expõe mais de dois mil presépios

Cedidos por instituições, escolas, artesãos anónimos ou particulares, chegaram à cidade 2214 presépios que podem ser visitados gratuitamente

Com diversos tamanhos e materiais, representativos de várias épocas e regiões, a Igreja da Misericórdia da Covilhã acolhe uma exposição de 2.214 presépios até dia 1 de janeiro.

Organizada pela Santa Casa e a autarquia, com a colaboração dos museus municipais, o objetivo inicial era reunir um presépio por cada ano após o nascimento de Cristo (2014), no entanto «houve muita gente a querer participar e conseguimos reunir mais 200 do que o previsto», referiu o coordenador dos Museus Municipais da Covilhã. Se mais espaço houvesse, mais presépios estariam em exposição, pois a organização teve que recusar participações, acrescentou Carlos Madaleno. Algumas das peças em exposição são da Igreja da Misericórdia, mas a maioria chegou através de colecionadores particulares – como Maria Cavaco Silva ou a guardense Ana Manso, para citar apenas alguns –, ateliers de arte, artesãos anónimos, escolas do concelho e instituições, como o Museu de Etnologia e Arte Sacra de Fátima ou o Museu da Presidência da República. As obras de arte expostas dão para todos os gostos, desde presépios do século XVIII e XIX, ao tradicional presépio de Estremoz, cedido pelo Museu da Presidência. Este presépio diferencia-se por as figuras estarem expostas em escadaria. Outros destacam-se pelo tipo de materiais usado, por serem mais ousados ou por optarem por uma atitude mais dessacralizada. «Mas, no fundo, todos têm uma história e o objetivo é criar um entrosamento com a comunidade», adiantou Carlos Madaleno.

Esta diversidade de materiais utilizados visa criar «uma ligação dos presépios com os dias de hoje e com a realidade e identidade nacional», referiu o responsável, que diz surpreendido com a diversidade de presépios expostos. «Há visitantes que regressam várias vezes porque encontram mais um em que ainda não tinham reparado», refere Carlos Madaleno. No entanto, o que mais o surpreendeu foi o trabalho de artesãos anónimos, «artistas de grande qualidade que colocam vida nas peças que fazem». Desde 9 de dezembro, dia de abertura ao público desta mega exposição de presépios, já passaram pela Misericórdia da Covilhã cerca de 6 mil visitantes, número que o provedor da instituição espera que aumente «consideravelmente» por estes dias com os turistas que vêm ver a neve. Para já, António Neto Freire mostra-se contente porque «esta iniciativa tem tido uma boa aceitação e bastante procura» e considera que é uma forma de «aproximar a Misericórdia e a comunidade nesta época do Natal».

O dirigente também não esconde a sua admiração pela dimensão da iniciativa, admitindo que «nunca pensamos reunir dentro de uma igreja tantos presépios, mas são bastantes bonitos e fico surpreendido com a imaginação das pessoas». Quanto ao futuro, o provedor promete que, devido à boa aceitação destas atividades natalícias por parte da população, «para o ano vamos criar um programa cultural com mais eventos, mais ideias, numa perspetiva de mostrar aquilo que a Misericórdia e a Covilhã têm».

Um presépio diferente

Um dos presépios que marca pela originalidade é o de Carlos Silva, um artista da região. A sua obra inspira-se na Serra da Estrela e diferencia-se por utilizar o couro e a pele como principal material na construção do presépio. «A utilização do couro não é muito vulgar», afirma o autor, que fez uma pesquisa sobre o assunto. Mas esta não é a única particularidade do seu presépio, já que o cenário representa o momento em que Maria está em trabalho de parto. Uma opção que foge aos cânones e que Carlos Silva justifica com a pretensão de representar «um Natal simples, sem condições, a própria dor de Maria, mas o nascimento do amor».

Presépio de Carlos Silva, com a representação do parto de Maria. O couro é o principal material utilizado

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