O ministro da Educação e Ciência não se comprometeu, anteontem, com a quantidade de professores que podem ser dispensados se for avante a revisão curricular para os ensinos básico e secundário proposta pelo Governo.
Apesar da insistência dos deputados da oposição na Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, Nuno Crato apenas disse que a sua equipa está a «discutir propostas e alternativas». Já aos jornalistas, no final da audiência, o governante afirmou não saber «se há professores que vão deixar de ser necessários». O que garantiu é que «continuarão a ser contratados professores à medida das necessidades que existam», isto depois do secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova de Almeida, ter lembrado que na proposta está suposto que poderão «aumentar as contratações nalgumas disciplinas» e que os lugares dos professores do quadro estão garantidos.
Português, Matemática, Inglês, Física e Química e Ciências Naturais são algumas das áreas «essenciais» em que a proposta de revisão aumenta a carga horária. Inversamente, o Governo quer acabar com as horas de currículo não disciplinar de Formação Cívica e repartir a Educação Visual e Tecnológica (EVT) em duas disciplinas. Para Nuno Crato, esta proposta é a forma de «contrariar a dispersão de disciplinas no ensino básico e secundário, que não tem paralelo na Europa». Nesse sentido, afirmou que Portugal é «campeão de dispersão curricular», pois desde a última revisão curricular feita em 2001 foram «acrescentadas áreas não essenciais em detrimento das essenciais». Contudo, os argumentos do ministro não convenceram a oposição na comissão parlamentar, que acusou o Governo de estar a rever os currículos para acomodar os cortes a que a “troika” obriga Portugal, de desvirtuar disciplinas de sucesso e de agir sem uma estratégia real.