O ministro da Saúde propôs na semana passada uma solução «racional, rápida e que serve a população» para resolver o caso do Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia. Luís Filipe Pereira visitou finalmente a unidade, mas não anunciou a construção de um novo edifício, como têm exigido as forças vivas da cidade, prometendo antes gastar cinco milhões de euros numa remodelação «completa» do imóvel mais antigo, em avançado estado de ruptura, como pôde constatar quarta-feira o titular da pasta da Saúde. Feito o diagnóstico, a profilaxia proposta aponta para um «hospital novo» em 2005, embora o governante tenha confessado que vai ter que «”descobrir”» verbas no PIDDAC para resolver «imediatamente» o problema de Seia.
A visita de Luís Filipe Pereira era muito aguardada na cidade, mas acabou por defraudar as expectativas dos senenses quanto à construção de um novo hospital. No entanto, este projecto poderá vir a concretizar-se em 2013, segundo disse aos jornalistas José Luís Vaz, actual presidente do Conselho de Administração (CA) do Nossa Senhora da Assunção, que revelou que o ministro «não fechou a porta» a essa eventualidade numa reunião à porta fechada com o autarca local, deputados eleitos pelo distrito e elementos do CA. Até lá, a remodelação de parte das actuais instalações foi defendida com um argumento em forma de alternativa com opção óbvia. «O que é que prefere, uma solução a dois ou a sete anos?», respondeu Luís Filipe Pereira a uma pergunta dos jornalistas, depois de ter constatado que as condições do Nossa Senhora da Assunção têm que ser «solucionadas muito rapidamente, porque não são condições que se possam dar a doentes». E como o hospital de Seia é um «caso urgente» que não se compadece com os trâmites do programa de construção das dez novas unidades público-privadas, o ministro anunciou a remodelação completa da parte inferior do edifício, para acolher Urgências novas, novos meios laboratoriais, um novo bloco operatório com duas salas e um internamento de cirurgia geral no primeiro piso, estando ainda prevista a construção de um terceiro piso para receber mais internamento.
«No fundo, é um hospital novo», defendeu, esclarecendo que a vantagem desta opção é que Seia «não vai ter que esperar até 2011 por melhores condições hospitalares». Antes pelo contrário, já que conta ter pronto o plano funcional e o projecto de intervenção no decorrer de 2004, para lançar o concurso público de concepção e construção «possivelmente» no final do próximo ano e iniciar as obras no princípio de 2005. Uma calendarização «provisória», ressalvou, não sem antes chamar a atenção para o facto das pessoas poderem ter os seus problemas resolvidos «em dois anos, dois anos e meio, no máximo». Mais complicado parece ser o financiamento para a remodelação, com o ministro a admitir que vai ter que «”descobrir”» verbas no PIDDAC para avançar com as obras. «Não é um problema de dinheiro, mas não escondo que os recursos são escassos para fazer este ou qualquer outro hospital novo», disse Luís Filipe Pereira, para quem «é espantoso que estas condições tenham durado tantos anos». Mas verdadeiramente problemático será o impacto das obras no funcionamento dos serviços, pese embora o ministro da Saúde tenha dito que o assunto está estudado e que «há possibilidades» de fazer esta intervenção «sem prejuízo» do trabalho médico. Quanto ao papel da Santa Casa da Misericórdia, proprietária do edifício, Luís Filipe Pereira sublinha que a obra tem que ser feita «com toda a gente» e avisa que a parte que «não quiser colaborar vai ter que responder perante a população».
Luis Martins