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«Ministra não pode esquecer que os bombeiros são-no por vocação, mas profissionais na ação»

Cara a Cara – Paulo Amaral

P – Após a realização de mais uma Gala Distrital do Bombeiro, qual é a situação atual das corporações do distrito da Guarda?

R – A gala foi e é cada vez mais uma manifestação de alegria entre a família dos bombeiros. A situação atual das nossas corporações é estável e empenhada em cuidar e proteger as nossas populações. As dificuldades são o dia-a-dia, as prendas o reconhecimento de salvar uma vida, prestar auxílio, socorro ou proteção. Encontramos na nossa união as forças de sermos voluntários ao serviço de todos.

P – Apelou às autarquias para apoiarem os bombeiros com a concessão de alguns benefícios. O que sugere e com que objetivos?

R – Entendemos que não seria despiciendo os municípios, através dos apoios financeiros que atribuem às federadas no âmbito das suas competências de proteção civil, incluírem benefícios de âmbito social ao corpo de bombeiros, permitindo atrair mais homens e mulheres para esta causa que tem como efeito a promoção do voluntariado. Assim, consideramos como incentivos para a fixação e rejuvenescimento do corpo de bombeiros a redução das taxas do IMI, dos resíduos sólidos urbanos, da água e saneamento, mas também o apoio à habitação jovem (com regras devidamente definidas). Estas e outras pequenas atitudes podem contribuir para a fixação de jovens bombeiros e a permanência dos atuais nos respetivos concelhos de residência e trabalho.

P – Há falta de voluntários neste momento? Quais são as associações mais afetadas?

R – A minha resposta anterior analisa, de certa forma, a pergunta. É verdade que ainda não estamos em contra ciclo com a natalidade e a falta de emprego na região, mas sentimos algumas dificuldades no recrutamento de voluntários que começa a ser transversal ao distrito. Quanto a saber quais as associações mais afetadas julgo que são – e ao que sei – aquelas em cujos concelhos o decréscimo das população e a escassez do mercado de trabalho se vão acentuando.

P – Quais são os principais constrangimentos das corporações?

R – Os constrangimentos de qualquer corporação de bombeiros são sem dúvida a escassez financeira. É de salientar que algumas corporações se debatem com dificuldades de infraestruturas, caso, por exemplo, da Associação de Famalicão da Serra (Guarda).

P – Anunciou recentemente a criação de um gabinete para ajudar as associações nos processos de candidatura a fundos comunitários. A que apoios se podem candidatar os bombeiros?

R – A criação de um gabinete a criar em parceria com entidades especializadas na área permite uma ligação mais eficaz com as federadas, dando-lhes a conhecer os avisos do Quadro “Portugal 2020”. Além das infraestruturas, também haverá apoios para a aquisição de viaturas e a eficiência energética (Poseur). Teremos ainda atenção aos programas de formação e valorização do potencial humano.

P – Como está o caso do quartel de Famalicão da Serra, cuja corporação funciona numa garagem? Há mais associações a necessitarem de novas instalações?

R – Já citei o caso anteriormente e espero que neste novo quadro o quartel de Famalicão seja uma realidade. Estamos todos de acordo que é desumano e desmotivador prestar o socorro em condições como aquelas que vive essa corporação. Existem outras associações que ambicionam um novo quartel, mas, felizmente, não estão na precaridade da corporação do concelho da Guarda. Irá proceder-se à inauguração do quartel da Mêda (ampliação e remodelação), que mereceu apoio no anterior quadro comunitário (POVT), o mesmo sucedendo com o de Gouveia (ampliação e remodelação), já inaugurado, enquanto a construção do quartel de Trancoso encontra-se numa fase bastante satisfatória.

P – O que espera da nova ministra da Administração Interna relativamente aos bombeiros?

R – A minha expetativa é de muito bom senso nas decisões. Mas espero o reforço das relações institucionais com a Liga de Bombeiros Portugueses, na defesa e causa dos voluntários. Eis alguns exemplos: integrar a concertação social; ser vogal não executivo do INEM; apoiar a elaboração de um contrato coletivo de trabalho que consiga implementar uma carreira efetiva para os bombeiros; apoiar as associações melhorando o apoio financeiro no DECIF 2016; rever e melhorar a lei de financiamento das associações. No entanto, mais do que todos os apoios, a nova ministra não se pode esquecer que são os bombeiros o garante do socorro de pessoas e bens e aqueles que, no desempenho das suas funções, são bombeiros por vocação mas profissionais na ação.

Perfil:

Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda

Idade:52

Naturalidade: Mêda

Profissão: Consultor/ formador

Currículo: Mestre em S.I.G. (UBI)

Livro preferido: “A Sabedoria”, de Pe. Paulo Alves

Filme preferido: “Voando sobre um ninho de cucos”

Hobbies: Desfrutar da amizade e convívio dos amigos

Paulo Amaral

Sobre o autor

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