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Ministério da Defesa põe radares da Torre na lista

“Ex-libris” do ponto mais alto da Serra nunca passaram para a Região de Turismo, ao contrário do que foi anunciado em 2006

O Ministério da Defesa anunciou, na última semana, a intenção de proceder à «rentabilização» de cerca de 200 imóveis, prevendo arrecadar mais de 834 milhões de euros nos próximos 12 anos através da alienação de património militar. Na região, apenas as torres dos radares da Força Aérea Portuguesa (FAP), situadas no ponto mais alto de Portugal continental, constam da lista.

Facto que não deixa de ser surpreendente, uma vez que, em Maio de 2006, foi anunciado que os míticos edifícios da Serra da Estrela teriam sido entregues à Região de Turismo (RTSE). O então presidente do organismo – entretanto extinto – admitiu a O INTERIOR sentir-se «satisfeito» por ter conquistado uma velha aspiração. É que, na altura, o Governo teria aprovado a desafectação das torres do Domínio Público Militar (DPM) e sua consequente afectação à RTSE. Segundo Jorge Patrão, a decisão política já tinha sido tomada, faltando apenas a conclusão do processo administrativo da passagem dos imóveis para a propriedade do organismo que tutelava o turismo regional. Contudo, a tal “decisão política” de pouco ou nada serviu. Volvidos dois anos, o agora presidente da Comissão Instaladora do Pólo de Desenvolvimento Turístico da Serra da Estrela admite que aquelas estruturas nunca chegaram a passar para a RTSE, por falta de entendimento com o Governo: «O ministério pretendia 125 mil euros pela posse dos edifícios», recorda.

Outro dos motivos prende-se com as promessas deixadas por Humberto Rosa, secretário de Estado do Ambiente, aquando das suas duas últimas passagens pela região, em Janeiro e em Outubro deste ano, quando revelou existirem «várias ideias» para a requalificação da Torre. Garantias que Jorge Patrão não esquece. «Aquilo que o Ministério do Ambiente quer levar a cabo é um projecto de requalificação global daquela zona. Veremos o que pode estar reservado para as torres», refere. Aliás, o responsável diz ter também «muitas ideias pensadas» para os edifícios em causa, mas prefere esperar pelos resultados do concurso de ideias para a requalificação da zona que Humberto Rosa lançou no mês passado, em Seia, durante a inauguração do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE). Ainda assim, mostra-se disponível para colaborar com o Governo na «rentabilização» das “bolas” da Torre, até porque «continuamos a ter direito de preferência sobre os edifícios», garante.

A RTSE reclamou, durante vários anos, a cedência das míticas estruturas para proceder à sua recuperação. As torres dos antigos radares encontram-se em avançado estado de degradação arquitectónica, sendo que o caso mais grave, praticamente em ruínas, é a da torre abandonada. A outra foi recuperada parcialmente para acolher o posto sazonal da GNR. Na altura, a Região de Turismo pretendia integrar aqueles imóveis na nova unidade hoteleira de quatro estrelas, com restaurante panorâmico para as pistas, que a Turistrela pretendia implementar.

As Torres

Foram construídas pela Força Aérea entre os finais de 1950 e meados da década de 60, entre outros edifícios, para acolher a Esquadra 13 do Grupo de Detecção Alerta e Conduta de Intercepção. A esquadra foi desactivada na década de 70, pelo que a grande maioria das instalações foram sendo desocupadas até serem devolvidas ao Ministério das Finanças em 1992. As torres de radar foram as únicas excepções, tendo sido utilizadas até há poucos anos pela FAP.

Rosa Ramos

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