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Mineiros pedem ajuda ao Ministério da Economia

Mesmo em caso de suspensão da laboração, os 220 trabalhadores querem continuar a explorar novos filões e galerias

Caso se verifique a anunciada suspensão da laboração nas Minas da Panasqueira, os mineiros pretendem salvaguardar os 220 postos de trabalho para explorar novos filões e manter a mina operativa até à retoma do mercado do tungsténio e de volfrâmio prevista para daqui a três ou quatro meses.

Foi este o apelo feito na última terça-feira no Ministério da Economia pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), que apresentou ainda um documento subscrito pelos presidentes da Câmara da Covilhã e da Junta de Freguesia da Aldeia de S. Francisco de Assis, a solicitar a intervenção do Governo com apoios financeiros para os trabalhadores e a aquisição de novos equipamentos para explorar os novos filões para além de 2005. Um pedido que surge na sequência da Beralt Tin & Wolfram, empresa concessionária das minas, ter retirado na última semana o requerimento do Processo Especial de Recuperação de Empresas (PERE) a pedido do Ministério da Economia. Naquele documento, os autarcas e o sindicato pediram ainda acções de formação integradas no apoio social aos trabalhadores, a realização de um plano de salvaguarda do meio ambiente através da limpeza do local e a implementação de um Plano de Intervenção Económica para o couto mineiro com recursos financeiros e técnicos que permitam a revitalização daquele local, considerado como o mais deprimido do concelho da Covilhã.

Para José Isidoro, é necessário «fazer um grande investimento nas máquinas para que se possam explorar os filões que estão para trás». De acordo com o sindicalista, quando se começou a explorar há dez anos atrás o nível três, previa-se que este durasse pelo menos 20 anos, o que não aconteceu por causa da maquinaria velha. «Há um grande potencial de minério por explorar e tem de haver um trabalho conjunto com a empresa e o sindicato para encontrar soluções concretas para que esta mina, tão necessária à região e ao país, não desapareça», apelou José Isidoro. «Não podemos dar-nos ao luxo de ser uma região e um país com recursos naturais abandonados», acrescentou. A este propósito, também o líder do município covilhanense já tinha alertado na última Assembleia Municipal para a importância da exploração do tungsténio e volfrâmio para outras aplicações, à semelhança do que se faz com a cortiça, utilizando a UBI para desenvolver algo de novo nesse domínio. Já o presidente da Junta de Freguesia da Aldeia de S. Francisco de Assis vai mais longe ao exortar o Governo a retirar a concessão à Beralt Tin & Wolfram, resultante da venda há um ano da Avocet à Primary Metal Incorporated, ambas com capital maioritariamente canadianos. Para José Campos Antunes, o Governo deveria «nomear uma administração» e atribuir subsídios para maquinaria e trabalhadores, «à semelhança do que tem acontecido nas minas de Aljustrel», ou então ser o próprio Governo «a explorar» a mina. Considera, de resto, que a actual administração «deixou muito a desejar» por não conseguir manter a laboração para “stock” durante quarto meses nem «investir um cêntimo» em equipamento, quando se sabe que as crises no sector mineiro são cíclicas. Por isso, argumenta, «é que aquilo é um parque de sucata autêntico».

Liliana Correia

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