A concessionária da exploração das Minas da Panasqueira, na Barroca Grande (Covilhã), está à venda. O anúncio foi feito na semana passada pelo grupo japonês que detém a maioria do capital da Sojitz Beralt Tin and Wolfram.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do conselho de administração da empresa em Portugal confirmou que o acionista «decidiu proceder à venda deste ativo, no menor prazo possível». Até lá – e desde que esta ocorra num período de tempo «razoável», ressalvou Alfredo Franco –, os compromissos, designadamente o pagamento de salários, serão respeitados. A decisão surge numa altura em que a unidade está em dificuldade devido à queda dos preços do volfrâmio. «Caso o processo de venda não seja célere (ou de não haver interessados na aquisição da empresa), pode haver a necessidade de suspender a produção, até porque se estima que o preço do APT (Paratungstato de Amónio) baixe ainda mais e isso até ao final do ano de 2015», acrescentou o administrador.
O primeiro alerta soou em março passado, numa reunião entre autarcas da região e a administração da Sojitz Beralt Tin and Wolfram. Todos ficaram a saber o mau momento que a concessionária atravessava por causa da baixa cotação do volfrâmio nos mercados internacionais e da redução do teor do minério extraído na Panasqueira, devido às condições geológicas da exploração. Os autarcas apelaram à mobilização do Governo para evitar o pior, mas no final desse mês houve um balão de oxigénio quando se soube que a empresa estava a negociar um contrato para a venda de 90 toneladas de minério. Há quinze dias, Vítor Pereira, presidente da Câmara da Covilhã, reuniu com o ministro da Economia, que se terá comprometido a sensibilizar o secretário de Estado do Turismo para que o complexo mineiro possa ser aproveitado «do ponto de vista turístico». Já o Ministério do Ambiente, através do Laboratório Nacional de Engenharia Geológica, irá também apoiar as minas pesquisando «novas prospeções».
As Minas da Panasqueira são a única exploração de extração de volfrâmio a laborar em Portugal, tendo a empresa sido comprada em 2007 pelo grupo japonês Sojitz Corporation, num investimento de 50 milhões de euros, a que entretanto, e segundo a empresa, já acrescem mais oito milhões de euros. Em março, trabalhavam ali 339 pessoas, número que baixará para 307 até final de maio porque a empresa está a dispensar os trabalhadores com contratos a prazo devido à crise que atravessa.
Luis Martins