Os militares da Brigada de Trânsito (BT) da Guarda anunciaram terça-feira que não voltam a passar autos nem a conduzir as motos do destacamento, em protesto contra a actuação do comandante. Em causa está o facto do comandante do Destacamento ter ordenado sábado a continuação da ronda ao colega do militar que morreu no mesmo dia num acidente com uma moto, quando ambos efectuavam uma ronda. Considerando a posição do superior uma «atitude nada digna», os militares recusam-se a voltar a conduzir as motas e a passar multas enquanto o caso não for esclarecido. Os 70 militares da BT entregaram os capacetes e admitem lavrar autos apenas em casos onde se verifiquem manobras perigosas. A recusa em utilizar as motas vai manter-se enquanto os veículos não forem inspeccionados, uma vez que – alegam – «não oferecem condições de segurança». No sábado, um militar da BT da Guarda morreu vítima de um acidente de viação no IP 5, alegadamente causado por um problema na mota onde seguia, e o ministro da Administração Interna já anunciou a abertura de um inquérito. A denúncia do mau estado do equipamento foi feita pela Associação dos Profissionais da Guarda (APG), que expressou a sua indignação pelo «estado decrépito» das viaturas usadas pelos militares daquela força de segurança. A APG garantiu que a mota distribuída ao militar José João Cunha, de 46 anos, «partiu-se», o que provocou a sua «morte imediata». Entretanto, o Comando-Geral da GNR já anunciou a retirada do serviço da Brigada de Trânsito de todas as motas da mesma marca daquela que esteve na origem do acidente. Na prática, esta decisão vai abranger 48 motos da marca Yamaha, cerca de um quinto das entre 200 e 250 motorizadas de todas as marcas ao serviço da Brigada de Trânsito no país. «As motorizadas serão alvo de uma peritagem no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), tendo sido convidada a participar neste procedimento a marca que forneceu as motos», disse o capitão Tavares Belo à agência Lusa.