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Metalguarda pede insolvência da ARL Construções

Empresa sedeada no parque industrial da Guarda poderá deixar no desemprego 105 trabalhadores

Os piores cenários avançados nos últimos dias confirmam-se e a ARL Construções, sedeada no parque industrial da Guarda, poderá estar em risco de encerrar devido a dificuldades financeiras. A Metalguarda, uma das credoras, deu instruções ao seu advogado para avançar com o pedido de insolvência da construtora que emprega 105 trabalhadores.

Um dos sócios da Metalguarda confirmou a O INTERIOR na última terça-feira que a empresa «avançou com o pedido de insolvência da ARL junto do nosso advogado que está a tratar de todo o processo», tendo a documentação sido entregue no final da semana passada. Rogério Beirão assegura que «só tomámos esta atitude quando vimos realmente que já não haveria outra maneira de proceder senão tomando esta posição de força». O empresário garante que «o que nos levou a esta decisão foi o falhar de várias negociações com a ARL por fornecimento de materiais para várias obras», existindo «uma dívida de faturas acumuladas no valor de 100 mil euros e os pagamentos falharam sempre». Sublinha ainda terem sido marcadas «várias reuniões para agendamento de pagamentos nas últimas semanas e já ninguém comparecia para se tentar chegar a um acordo». Sustentando também que «nunca teríamos tomado esta posição se os responsáveis da ARL tivessem tido outra atitude connosco, se houvesse um planeamento de pagamentos e se fossem minimamente cumpridos.

De resto, realça que o administrador da ARL [Jorge Leão] «está perfeitamente informado que nós estamos abertos a negociações», indicando que «após esta posição ainda tivemos uma reunião com o engenheiro Leão em que lhe propusemos várias situações, como a aquisição de um bem dele e que em qualquer altura estaríamos disponíveis para retirar o pedido de insolvência». Rogério Beirão acrescenta que, «em último caso, chegámos até a propor-lhe a redução da dívida. Negou-se sempre a essas ideias». «Nunca pensámos que isto pudesse vir a acontecer, até porque é uma empresa que sempre teve um bom nome na Guarda», recorda. O empresário do ramo da metalomecânica assegura que os 100 mil euros são um montante «que nos faz muita diferença, principalmente numa altura em que, para ganharmos as obras, concorremos com margens de lucro bastante reduzidas e quando acontece uma situação destas deixa-nos um bocado abalados».

Admite que a Metalguarda, que labora desde 1995 e emprega cerca de 35 funcionários, vai «passar por uma temporada um bocado difícil», mas assevera que a sua viabilidade «está assegurada», ao contrário do que poderá acontecer com «várias outras empresas aqui da zona, que, se calhar, não aguentam esta “chapada”». Contactado Jorge Leão sobre o pedido de insolvência, o administrador da ARL foi parco em explicações, tendo apenas dito que houve «duas situações» que contribuíram para que a empresa chegasse ao ponto a que chegou: «Uma tem a ver com a componente imobiliária e a outra com atrasos nos pagamentos por parte das autarquias», disse, sem querer falar mais. Vários trabalhadores confirmaram ainda a O INTERIOR a existência de dois meses de salários em atraso.

«É importante um esforço adicional» da banca para ajudar as empresas

O presidente do Nerga assegura que foi «apanhado completamente de surpresa» e que apenas «sabia que estava para ser feito um acordo com a Caixa Geral de Depósitos que não foi aceite e que terá levado a esta situação».

Pedro Tavares diz desconhecer a «dimensão dos números» envolvidos, mas admite que «a concretizar-se essa insolvência, vai ser bastante nefasta para a região», isto porque a ARL trabalhava com «muitos fornecedores locais, que vão ver neste momento esses créditos não pagos e vão ver aumentadas as dificuldades que já eram tão grandes». Só quando a eventual insolvência vier a ser confirmada é que se saberá o montante em dívida, mas haverá empresas «com centenas de milhares de euros» em causa. De resto, o dirigente salienta que «se as empresas já tinham dificuldades, independentemente do montante que está envolvido e da sua dimensão, é óbvio que esta insolvência vai criar problemas graves. Mas não estou em condições de dizer se essas dificuldades graves são ou não suficientes para pôr em causa as próprias empresas». Pedro Tavares reconhece que o encerramento de mais uma empresa «é um problema gravíssimo», até porque representa a ida de «mais de cem pessoas para o desemprego». O empresário defende que «era importante que as direções regionais dos bancos tivessem em atenção este facto e ajudassem, pelo menos a nível temporal, a minimizar o problema para as empresas que foram apanhadas nesta insolvência». Nesse sentido, solicita que a banca esteja aberta a «um esforço adicional para que as empresas que vão ficar sem estes créditos na ARL sejam mais apoiadas do que estavam a ser até agora».

Ricardo Cordeiro Possível encerramento da ARL criará dificuldades a outras empresas da região

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