A indústria de confeção de vestuário continua a ter espaço para crescer na região. A exportação alimenta – quase em exclusivo – a Iuris (Guarda) e a Grasil (Belmonte). Mas nem todos têm a mesma sorte
Há uma nova vida para as fábricas de confeções da região – pelo menos para algumas. A exportação tem possibilitado o crescimento do sector, que vê aumentar a procura do exterior no momento em que se regista o oposto no mercado interno. A Iuris, a laborar na Guarda, e a Grasil, em Belmonte, são exemplos pela positiva, uma vez que registaram recentemente um aumento considerável das encomendas.
A Iuris, que nasceu há 16 anos da vontade de dois casais com experiência no sector após o fecho da Gartêxtil, tem recorrido à subcontratação e ocupado os seus trabalhadores ao sábado devido à procura. A empresa, que confeciona calças de homem na Sequeira (Guarda), tem como mercado primordial a Inglaterra. «Já não tínhamos tantas encomendas há algum tempo. Desde o segundo semestre de 2008 que não registávamos valores tão elevados», refere Mohamed Rekhoum, sócio-gerente da Iuris, a O INTERIOR. «Somos uma firma pequena, só temos cerca de 26 funcionários, mas temos conseguido mão-de-obra, o que não é fácil mas consegue-se», adianta o responsável.
Atravessando um período «francamente bom», a empresa deve este sucesso à exportação: «Trabalhamos essencialmente para fora, maioritariamente para o mercado inglês», reitera. Numa altura em que as medidas fiscais preocupam todos os sectores, Mohamed Rekhoum destaca a importância da cotação do euro em relação à libra (Inglaterra) e ao dólar (EUA): «Se o euro não valorizar demais vamos continuar a ter encomendas. Para o nosso ramo isso é mais importante que a TSU ou outras questões que têm sido faladas», garante o empresário.
Também Silvestre Pinto, administrador da Grasil, está otimista: «O negócio tem corrido bem, embora a correção de estratégias se tenha de adequar ao momento conjetural que vivemos», considera. Mais uma vez o mercado principal é o estrangeiro, que representa nesta fábrica de confeções mais de 90 por cento da produção dos últimos três meses. «Felizmente, as encomendas têm aumentado ao nível das exportações», sublinha o empresário, acrescentando que isso coincide com um decréscimo da procura «a nível interno, face ao baixo consumo e poder de compra dos consumidores».
Quando questionado em relação a uma hipotética falta de mão-de-obra para o sector, Silvestre Pinto afirma que «não há essa falta, basta ver o crescimento do desemprego, o que existe é falta de vontade de trabalhar», ironiza. O administrador da Grasil defende a aposta em «estratégias e dinâmicas implementadas» na fábrica, um “trabalho de bastidores” para que as encomendas não faltem a curto-médio prazo. O INTERIOR contactou também a Mey Têxteis (Celorico da Beira) e a Torre (Belmonte) que entenderam não ser o momento mais «oportuno» para falarem.
Sara Quelhas