As primeiras vindimas na região vão começar nas próximas semanas no Fundão e Covilhã e só deverão terminar em outubro, em Figueira de Castelo Rodrigo. Este ano, a Comissão Vitivinícola prevê uma redução de 10 por cento da produção, mas conta com uvas de «muito boa qualidade».
A produção de vinho na área da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) deverá registar este ano uma quebra de dez por cento face à campanha de 2013. «Mas perspetiva-se um ano muito interessante porque a qualidade das uvas é muito boa», assegura Rodolfo Queirós, responsável técnico da CVRBI.
As primeiras vindimas na região vão começar nas próximas semanas na zona do Fundão e Covilhã e só deverão terminar em outubro, em Figueira de Castelo Rodrigo. Até lá, os responsáveis da Comissão Vitivinícola esperam que a meteorologia não comprometa ainda mais estas estimativas. «Esta quebra deve-se às chuvas que caíram na altura da floração das videiras, o que prejudicou a sua polenização. Neste momento, todas as castas foram afetadas, com destaque para a Tinta Roriz e para a Syria, mas, em princípio, vamos ter uvas com muito boa qualidade», adianta Rodolfo Queirós. A produção esperada rondará os 20 milhões de litros de vinho – no ano anterior foram cerca de 22 milhões de litros –, contudo, o responsável técnico considera que «esta quebra não é de todo problemática, pois, anualmente, certificamos como DOC [Denominação de Origem Controlada] entre seis a sete milhões de litros».
No ano passado, os 40 produtores particulares e as cinco adegas cooperativas registadas na CVRBI, que abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, venderam mais de três milhões de garrafas de vinho certificado e o objetivo é conseguir mais quota de mercado. «A certificação tem vindo a crescer e as nossas exportações estão a subir cerca de 20 por cento ao ano, pelo que o nosso objetivo é chegar às 6/7 milhões de garrafas nos próximos cinco anos», refere Rodolfo Queirós, para quem este desempenho deve-se à qualidade da matéria-prima e à promoção. «O vinho da Beira Interior está a entrar muito bem nos mercados tradicionais e a chegar a novos países, como a Colômbia ou o Japão, isso fruto das ações da CVRBI e dos produtores, que têm que apostar na internacionalização», acrescenta. O técnico da Comissão Vitivinícola considera que este crescimento deve agora ser complementado com apostas no enoturismo e na produção integrada e biológica, «neste último caso, um nicho de mercado que terá futuro e que deve ser explorado pelos nossos produtores».
Atualmente, há quatro mil hectares de vinha em produção integrada e cerca de 700 em produção biológica. «Temos condições naturais ótimas para a vinha, pois aqui nem as doenças se cá querem porque as temperaturas são muito frias no inverno e muito quentes no verão», lembra Rodolfo Queirós. Em novembro, a CVRBI e alguns produtores vão marcar presença na feira “Encontro com o Vinho”, em Lisboa, e no próximo ano tem agendadas participações no CISAP, também na capital, e na “Essência do Vinho”, no Porto.
Produção de vinho em Portugal deverá baixar 5,7 por cento
A produção de vinho em Portugal deverá diminuir este ano 5,7 por cento face à campanha passada, para cerca de 5,9 milhões de hectolitros, devido a quebras de quantidade na maioria das regiões, antecipou na semana passada o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).
Em comunicado, o IVV prevê uma quebra de produção na maioria das regiões com exceção da Península de Setúbal, dos Açores, das Terras de Cister e do Algarve, «onde pode haver aumentos entre 10 e 20 por cento, motivados por condições climatéricas favoráveis a um bom desenvolvimento vegetativo das videiras». Já na região do Alentejo, a previsão aponta para uma produção semelhante à da campanha passada, apresentando as uvas «um bom aspeto sanitário», enquanto a quebra de produção mais acentuada deverá acontecer no Dão, com uma estimativa de menos 25 por cento face à campanha anterior. Na Madeira, no Minho, no Douro e Porto e nas regiões da Beira Atlântico e Terras da Beira é esperada uma redução de 10 por cento, enquanto em Trás-os-Montes a quebra poderá chegar aos 15 por cento e nas regiões do Tejo e de Lisboa deverá ficar-se pelos 5 por cento.
Luis Martins