25A
Comemorado em todo o país com sessões solenes, foguetes e concertos pimba, o 25 de Abril teve no Fundão a mais interessante iniciativa de todo o país: um forte buzinão contra os parquímetros nas ruas da cidade.
Para o caso não interessa de que lado está a razão, mas sim o sucesso desta iniciativa organizada por um movimento cívico. Embora com um forte cunho político, este movimento conseguiu congregar gente de todos os quadrantes, materializando um protesto só possível num país livre. O buzinão foi, seguramente, o acto público que melhor simboliza a ideia subjacente ao 25 de Abril.
Venha mais um
Seis municípios da região encomendaram um novo estudo de valorização da Serra da Estrela. O documento será produzido por uma equipa da Escola de Gestão do Porto (EGP), coordenada por Daniel Bessa. A conclusão óbvia é que o estudo efectuado pela equipa da UBI, coordenada por Pedro Guedes, não satisfez estes seis autarcas. Vai daí, encomendaram outro trabalho.
Caso o novo estudo da EGP aponte para as mesmas soluções, suponho que o assunto estará arrumado, concluindo-se que esta iniciativa foi só uma forma de gastar o dinheiro que as autarquias dizem não ter. Porém, se o estudo apontar para outras soluções, ficará a dúvida: afinal, que tem razão? Só vejo uma forma de resolver a questão: encomendar um terceiro estudo, uma espécie de tira-teimas para desempatar. Mas, desta vez, não se esqueçam de encomendar o estudo a uma escola estrangeira, para mostrarem ainda mais provincianismo.
No meio de tudo isto sobra uma curiosidade: as câmaras que reclamam dos Governos mais competências e mais recursos financeiros, alegando que a sua proximidade faz toda a diferença, na hora de solicitar estudos consideram que, afinal, a proximidade de nada vale.
Alto está, alto mora
Respondendo a insistentes apelos ao empreendedorismo e às recorrentes intervenções no sentido de aproximar a Justiça do cidadão, uma advogada decidiu abrir uma loja jurídica num centro comercial. Decidiu abrir, mas vai ficar pelo campo das intenções, pois o conselho geral da Ordem dos Advogados chumbou a ideia. Entre as variadíssimas violações do Estatuto da Ordem dos Advogados apontadas no parecer do conselho geral da Ordem, há um ponto verdadeiramente original: “ao prever o exercício da profissão numa loja térrea com acesso para a rua, sob a designação de Loja da Advocacia contribui para a vulgarização do exercício da advocacia (…)
Futuros advogados, o recado está dado: escritórios, só do 3º piso para cima, bem longe da gentinha vulgar que são … os clientes.
Por: João Canavilhas