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Melhores vinhos da Beira Interior distinguidos

Tintos da Quinta dos Currais e Vista TN foram os grandes vencedores do terceiro concurso promovido pelo NERGA e pela Comissão Vitivinícola

O Quinta dos Currais – Colheita Seleccionada (2004), da Quinta dos Currais (Capinha – Fundão), e o Vista TN (2007), da Aliança Vinhos de Portugal foram eleitos, no passado sábado, na Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo, os melhores vinhos da Beira Interior na categoria DOC e vinho regional, respectivamente.

A terceira edição do concurso promovido pela Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA) e a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) atribuiu ainda nove medalhas de ouro e outras tantas menções honrosas, mas também 11 medalhas de prata. À prova estiveram 74 vinhos, brancos e tintos, produzidos na área da CVRBI, que inclui as sub-regiões de Castelo Rodrigo, Cova da Beira e Pinhel, avaliados por um júri formado por 16 enólogos e representantes de comissões vitivinícolas e da Confraria dos Enófilos da Beira Interior. João Pedro Esteves, presidente da CVRBI, considerou o evento de «extrema importância» para a divulgação dos vinhos de uma região vinícola que diz ser «ainda pouco conhecida» no mercado português e internacional, mas que produz vinhos que «rivalizam com os melhores de qualquer outra zona do país».

Um êxito que atribui a adegas e produtores engarrafadores locais por terem investido na reconversão das vinhas e na alta tecnologia. «A qualidade dos nossos vinhos teve um grande incremento e, neste momento, estamos em condições de nos apresentar como uma região de vinhos», disse, por sua vez, Pedro Tavares. O presidente do NERGA realçou a pontuação elevada de quase todos os vinhos distinguidos e defendeu a criação da Casa dos Vinhos da Beira para «defender, comercializar e potencializar um produto que vai ser o grande anfitrião da nossa região». A O INTERIOR, o dirigente acrescentou que faz «todo o sentido» que esta entidade ficasse na Guarda, por ser «uma cidade estratégica na região e que não tem vinhos, pelo que seria neutra. Mas não houve grande abertura da autarquia para o projecto, aliás o presidente primou pela ausência neste vento».

Quem já se antecipou foi o município de Figueira de Castelo Rodrigo, cujo presidente António Edmundo manifestou disponibilidade para acolher «o embrião deste projecto que há-de lutar pela valorização do trabalho dos produtores e pela sua promoção lá fora». O autarca aproveitou ainda a ocasião para lembrar que «o Estado ganharia se aproveitasse melhor todo o território, pois, quando se desiste de uma parcela do país, está-se também a desaproveitar os seus recursos». E avisou que «ninguém ousa investir ou fixar-se numa região constantemente sob ameaças de encerramentos e reordenamentos de serviços públicos básicos». Já o Governador Civil considerou que chegou a hora de «voltarmos forçosamente à terra, que é a única coisa certa e segura». Para Santinho Pacheco, já acabou «o tempo dos parques industriais em cada sede de concelhos» e chegou o momento de aproveitar os recursos endógenos. «Podemos ser o Alentejo deste início de século e, se todos nos esforçarmos um bocadinho, podemos fazer renascer a esperança nesta região», afirmou. Em 2011, o concurso muda-se para o distrito de Castelo Branco, sendo co-organizado pelo NERCAB – Associação Empresarial da Região de Castelo Branco, que se associou ao evento este ano.

A opinião dos vencedores

Para Fernando Castro, da Aliança Vinhos de Portugal, o prémio de melhor vinho regional da Beira Interior é «um primeiro sinal» da aposta que a empresa tem vindo a fazer na região há uma dúzia de anos. «Temos vindo a verificar que os vinhos da Beira Interior têm um grande potencial e têm-nos surpreendido pela positiva, sendo que os resultados estão à vista», declarou.

Na sua opinião, a vantagem competitiva da Beira Interior face a outras regiões vitivinícolas está «em todo um “térroir” e não só nas suas castas». Fernando Castro garantiu ainda que este galardão vai ajudar na promoção do Vista TN (Touriga Nacional) no estrangeiro, onde a empresa tem vindo a apostar há quase seis anos. «Como o mercado nacional está saturado e a Beira Interior ainda não tem reconhecimento a nível interno, este vinho começou a ser desenhado para a exportação», adiantou. Já Manuel Rodrigues, da Quinta dos Currais, considerou ser «gratificante» receber o prémio de melhor vinho DOC. «Vamos ter mais procura concerteza a partir de agora», disse. A Quinta dos Currais está no mercado desde 2001 e tem ganho alguns prémios – no ano passado venceu também o melhor DOC da Beira Interior com um vinho branco.

«Penso que estamos a consolidar a nossa imagem no mercado com estes e outros prémios. Estamos no bom caminho para pôr o nome da região lá fora», referiu Manuel Rodrigues, para quem «é notória de ano para ano» a melhoria dos vinhos da Beira Interior. «Há mais operadores e engarrafadores e os novos também primam pela qualidade, portanto temos que nos apurar cada vez mais», justificou.

Luis Martins Embrião da Casa dos Vinhos da Beira pode surgir em Figueira de Castelo Rodrigo

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