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Uma discussão sobre política florestal marcou o Conselho de Ministros mais escaldante desde que este Governo tomou posse há um ano e meio.

A reunião foi conduzida por Luís Delgado, recentemente nomeado pela administração do “Diário de Notícias” para substituir o chefe de Governo sempre que este se encontre ausente em visitas oficiais a países amigos dos EUA. Esta escolha acontece na sequência de um programa de intercâmbio de nomeações entre o “Diário de Notícias” e o Governo.

A intervenção inicial do substituto do primeiro-ministro, também conhecido como Luís “Delegado”, provocou um sismo político de 4,8 na escala de Ferrichter. O guru governamental apresentou uma proposta para abater todas as árvores em território nacional, incluindo os arbustos das Ilhas Selvagens, de modo a resolver dois sérios problemas para o interesse estratégico nacional: o preço elevado do papel e os incêndios florestais.

Esta proposta desencadeou reacções violentas e dividiu o Governo exactamente a meio, não considerando Pedro Roseta, ministro da Cultura, entretido a ler “O Meu Pipi”.

Manuela Ferreira Leite saiu em defesa de Delgado. A ministra de Estado e das Finanças manifestou apreço pela medida porque esta permite o aumento das receitas extraordinárias do Estado, quer através da venda directa das árvores quer pelo IVA cobrado aos particulares, bem como a diminuição da despesa pública com a extinção da carreira de guarda-florestal.

Paulo Portas, o outro ministro de Estado mas da Defesa, foi o mais acérrimo opositor da ideia. Primeiro, por considerar positivo que o elevado preço do papel possa levar, a médio prazo, o semanário “Expresso” à falência; segundo, porque Portas precisa de justificar a compra de helicópteros e de arranjar utilidade para todos os voluntários que se ofereceram para cumprir serviço militar no mais recente Dia da Defesa Nacional. “Se for preciso, pomos um soldado atrás de cada árvore”, terá afirmado o ministro, segundo fonte pouco digna.

Amílcar Theias, ministro das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente protagonizou o caso mais intrincado da noite, uma vez que se encontrava ele próprio dividido. Na sua declaração de voto, disse que se na condição ministro das Cidades acolhia a ideia de boa vontade, já como titular da pasta do Ambiente era radicalmente contra. Segundo fontes próximas, Theias não tinha opinião formada na qualidade de ministro do Ordenamento do Território, provocando um empate na votação e um impasse na decisão. O desempate será feito por grandes penalidades após o regresso de Durão Barroso.

No rescaldo da reunião, o ÍNTIMO encontrou no contentor do lixo um guardanapo escrito com a letra do ministro da Agricultura e Pescas, Sevinate Pinto: “Estou-me a cagar para os Parques Naturais”, podia ler-se. Fontes próximas do ministro ressaltaram a correcção gramatical da frase, não só no uso do perifrástico, mas também na utilização das maiúsculas, o que “revela um grande sentido de Estado”, acrescentaram.

(Nuno Amaral Jerónimo; José Carlos Alexandre)

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