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Maternidades ficam na Guarda e Castelo Branco

Ministério da Saúde deverá fechar serviço na Covilhã, onde funcionará a investigação na área da medicina de reprodução e da genética

A Beira Interior vai ser servida pelas maternidades da Guarda e Castelo Branco. O Ministério da Saúde já decidiu e optou por encerrar o bloco de partos da Covilhã, unidade que deverá assumir a investigação na área da medicina de reprodução e da genética no futuro Centro Hospitalar da Beira Interior. Como é óbvio, o assunto não é pacífico, a tal ponto que o próprio Correia de Campos deu 30 dias ao presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira para informar o serviço da opção.

Na Guarda, o grupo de trabalho nomeado pelo ministro para definir o programa funcional do novo Hospital já deverá ter esta decisão em conta. Formada por cinco especialistas, a comissão está encarregue de esboçar, até 15 de Abril, toda a actividade da futura unidade a partir das especialidades de referência definidas – a Maternidade será uma delas –, das actuais e novas valências a criar no âmbito do Centro Hospitalar da Beira Interior (CHBI), em fase de constituição com os hospitais da Covilhã e Castelo Branco. Fontes contactadas por “O Interior”, garantem que a escolha do Sousa Martins e do Amato Lusitano é «a solução que melhor serve a região em termos assistenciais, já que as duas unidades permitem cobrir o máximo de utentes da Beira Interior, sobretudo os pontos extremos de ambos os distritos, e evitar “fugas” de parturientes para hospitais vizinhos». Por outro lado, também terá contribuído o facto da Covilhã estar equidistante, via auto-estrada A23, das duas capitais de distrito, salvaguardando-se assim «uma certa proximidade» para que este tipo de cuidados possa ser prestado com segurança.

Outros critérios que levaram a esta decisão deverão ser revelados pelo próprio ministro dentro em breve, possivelmente em Abril. No entanto, é esperada uma forte contestação na Covilhã. Contactado por “O Interior”, o presidente Carlos Pinto recusou comentar o assunto. O mesmo fizeram Joaquim Valente e Maria do Carmo Borges, que já terão conhecimento desta decisão, mas para quem o assunto é tabu. O autarca reiterou que o Hospital Sousa Martins é um «pilar» do futuro Centro Hospitalar da Beira Interior e que a decisão quanto às maternidades será política: «O primeiro-ministro disse na Assembleia da República que nesta região ficam duas. É nisso que acredito e confio», disse, considerando «pouco oportuno» o abaixo-assinado de 43 médicos, divulgado na passada segunda-feira. «Estes assuntos estão a ser tratados, pelo que é preciso alguma calma e muito bom senso», acrescenta, reclamando, contudo, «algum equilíbrio» entre as valências do futuro CHBI. Nesse sentido, o autarca manifesta «total confiança e solidariedade» com as posições tomadas pelo Conselho de Administração do Hospital Sousa Martins nesta matéria. Por sua vez, a Governadora Civil da Guarda diz apenas que o que importa «é levar para a frente o que interessa para a Guarda e fazer força para que as obras do hospital avancem».

Médicos da Guarda ameaçam deixar de colaborar com Faculdade

Esta segunda-feira 44 médicos do Sousa Martins ameaçaram, em abaixo-assinado, que deixarão de colaborar com a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI) se o «argumento falacioso» da sua centralidade estiver na origem de uma movimentação «assimétrica e desproporcionada» de valências clínicas entre hospitais.

Nesse sentido, o documento, que será enviado ao primeiro-ministro e tem como primeiro subscritor o oftalmologista Henrique Fernandes, exige ao Governo que assuma «definitivamente uma posição inequívoca e clarificadora acerca dos princípios que nortearão qualquer eventual transferência ou troca de competências entre os três hospitais da Beira Interior». Uma atitude esperada com urgência, até para pôr termo à «elevada preocupação e angústia provocadas, nas populações e nos profissionais de saúde, pela arrastada indefinição decisória», sustentam. É que a «hipotética “centralização” na Covilhã de valências dos três hospitais da Beira Interior tem servido sobretudo para anular grande parte da mais-valia representada pela colaboração da Guarda com a UBI», denunciam, garantindo que a Faculdade de Ciências da Saúde «não pertence à Covilhã, nem nunca pertencerá. É, outrossim, um valioso património de toda a Beira Interior». Por outro lado, os subscritores avisam que o eventual encerramento da maternidade e outros serviços no Sousa Martins não irá fazer deslocar os profissionais para a Cova da Beira, mas para o litoral.

Luis Martins

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