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Maternidade: Toda a carta tem resposta

Eis como uma conversa simples, numa tarde bem disposta, num corredor da nossa Maternidade e após uma visita feliz a um bébé acabadinho de nascer, se transforma de repente numa polémica sem sentido…

Durante o mês de Dezembro, estive quatro vezes na Maternidade do Hospital da Guarda, quer como Governador Civil ou como simples cidadão.

Falei com mães e pais, dialoguei com profissionais de saúde, conversei com muitas visitas e nunca ouvi queixas ou azedume, apenas encontrei elogios e satisfação pela forma como a Maternidade funcionava.

Para mim, o grau de satisfação dos utentes é um critério mais que suficiente para que, descontraidamente, pudesse afirmar que «a Maternidade da Guarda está bem e recomenda-se».

Nunca fiz qualquer afirmação sobre médicos ou comentário sobre a gestão hospitalar ou qualquer referência de carácter profissional que atingisse, fosse quem fosse, naquela ULS.

Ao acrescentar que achava de «muito mau gosto» que alguns profissionais de saúde do Hospital viessem, recorrentemente, questionar o futuro da Maternidade na Guarda, quando o Governo tinha já decidido que aquele serviço não só não encerrava, como seria dotado de melhores e mais modernas instalações no novo Hospital em construção, estava apenas a cumprir o meu dever de defesa das políticas e decisões governamentais com eficácia no Distrito.

Era uma apreciação política legitima do Governador Civil a uma posição política assumida pelos autores do abaixo-assinado e enviado ao Primeiro Ministro, quando solicitaram informação «acerca de qual, ou quais, das três Maternidades da Beira Interior pretende o Governo mandar encerrar».

Referiam-se, obviamente, às Maternidades da Guarda, Covilhã e Castelo Branco, deixando subentendido que, para os subscritores do abaixo-assinado, qualquer das três, incluindo a da Guarda, podia encerrar a qualquer momento. Quando a Maternidade da Guarda já não estava em causa…

Para quê, então, criar alarmismo social sobre o tema?

Para mim, a resposta é simples: apenas por interesses político-partidários, em pleno período eleitoral.

Podem, agora, na carta que me destinaram afirmar que «não têm dúvidas sobre a manutenção, para já, da Maternidade da Guarda, mas sim sobre qual das outras duas – Covilhã ou Castelo Branco – deverá então ser encerrada». O que é bem diferente do que solicitaram antes no referido abaixo-assinado.

Tivesse este tal redacção e não estaríamos hoje, aqui, a dirimir argumentos.

Eu nunca comentarei tomadas de posição de qualquer profissional, empresário, sindicato ou associação que, no exercício legítimo da sua liberdade de opinião, esteja preocupado com dados objectivos que motivem dúvidas ou incertezas sobre a actividade das empresas, serviços ou instituições.

Terei mesmo, para com todos eles, solidariedade pessoal e institucional que a análise da situação, em concreto, o recomende.

Aqui incluo, obviamente, todos os profissionais de saúde do Hospital Sousa Martins e da ULS/Guarda.

Interpretei o referido abaixo-assinado como um documento político, puro e duro, elaborado para interferir politicamente nas recentes eleições para o Governo. Só assim se compreende que os signatários quisessem obter uma resposta «antes das próximas eleições legislativas».

Nada mais natural, portanto, que o Governador Civil da Guarda, a quem enviaram cópia de tal documento, assuma o direito de sobre ele se pronunciar, independentemente da data da sua recepção, já que os documentos existentes no Governo Civil não perdem validade com a mudança do seu titular.

Finalmente, queria deixar uma nota, humilde e despretensiosa, tanto mais que, por mim e para mim, esta polémica fica aqui definitivamente encerrada.

Ninguém entenda, nas minhas palavras, um posicionamento displicente ou despreocupado sobre o futuro da ULS/Guarda, em todas as suas vertentes e serviços.

Eu não sou assim e não sei estar assim na política.

Sempre fui um Homem de princípios e de causas, interventivo e frontal, que aprecia a frontalidade com que qualquer assunto merece ser discutido, sem tabus.

Nunca rejeitarei o diálogo, e estou sempre aberto a ouvir outros entendimentos e outras opiniões.

Com educação e com respeito por todos.

Como Cidadão e como Político estarei sempre na trincheira do que for melhor para a Guarda e para o Distrito.

Santinho Pacheco, Governador Civil da Guarda

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