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Maternidade do Sousa Martins com “mais-valias”

No entanto, com menos partos comparativamente com os últimos anos

Depois do alvoroço dos últimos tempos, o assunto dos blocos de partos está em “banho-maria” e à espera que o Conselho de Administração do futuro Centro Hospitalar da Beira Interior (CHBI), que vai juntar os hospitais da Guarda, Covilhã e Castelo Branco, entre em funções e decida. Por culpa desta incerteza ou por razões sociais, certo é que o número de partos tem vindo a diminuir, um pouco por todo o país, e a cidade mais alta do país não é excepção. Em dois anos a Maternidade do Sousa Martins “perdeu” 100 partos.

No entanto, o director clínico do hospital, Luís Ferreira, desmistifica os números e realça estarmos perante «uma tendência que se reflecte em todo o país», acrescentando que esta diminuição «também se faz sentir nas maternidades do litoral e, por isso, é que algumas até já fecharam». Para Luís Ferreira, são várias as razões que levam à diminuição da natalidade, mas «está seguramente relacionada com a evolução da sociedade e o aumento da desertificação», aponta. No caso da Guarda, «o problema da falta de médicos que afectou o serviço de Pediatria há uns anos atrás também pode ter tido repercussões nesta tendência», aponta o médico. Porém, o director clínico acredita que esta continua «a ser a Maternidade do interior com o maior número de partos». Comparativamente às vizinhas, o serviço guardense parece ter alguma vantagem em termos de partos realizados e de recursos técnicos e humanos disponíveis. É que tem liderado sempre nos nascimentos, registando, por exemplo, 851 partos em 2004, 844 em 2005 e no ano passado 750 partos. Já na Covilhã ocorreram 650 (2004) e 675 (2005), enquanto Castelo Branco realizou 400 e 505, respectivamente. “O Interior” solicitou os dados relativos a 2006 nestas unidades, mas a informação não foi disponibilizada até ao fecho desta edição.

Por outro lado, a Guarda conta actualmente com uma equipa de Urgência Obstétrica completa e é o único serviço do interior que garante assistência em Neonatologia, com a presença de um pediatra em cada parto, dispondo ainda de um anestesista em permanência. «Foram ainda contratados mais dois médicos para realizar Eco-Obstétrica, que era uma das lacunas do serviço», revela Luís Ferreira, sendo que só no ano passado já efectuaram um total de 2.134 ecografias. Além disso, foram feitas obras de melhoramentos nas instalações, tanto a nível dos sanitários como dos quartos. «Mas estão previstas mais», acrescenta. Outrora, nestas instalações já se registaram 1.500 partos por ano, um capacidade que o director clínico ainda considera ser possível atingir no Sousa Martins. De resto, no ano transacto realizaram-se 2.491 consultas de Obstetrícia e 5.242 de Ginecologia. Apesar de todos estes valores, Luís Ferreira acredita que a Maternidade da Guarda vai continuar de portas abertas até à constituição do novo Centro Hospitalar, que irá decidir o futuro do serviço. «Mas na sexta-feira foram oficializados mais sete Centros Hospitalares e o previsto para a Beira Interior ainda não integra a lista», lamenta o médico, que acaba por confessar que esta situação incerta se torna um «pouco complicada». No entanto, os profissionais de saúde procuram levar o seu trabalho com serenidade: «Não nos deixamos perturbar pelas informações contraditórias que são postas a circular na comunicação social», avisa.

Novos projectos vão arrancar

A partir do próximo mês vai começar no Hospital Sousa Martins a preparação psicoprofilática para o parto que, neste momento, «já tem muitas inscrições», realça a Enfermeira Chefe, Matilde Cardoso. O curso de preparação para o nascimento/parentalidade será uma forma de aprendizagem para desenvolver competências necessárias para o trabalho de parto, puerpério e cuidados a prestar ao recém-nascido. Foi uma ideia que nasceu do seio da equipa de enfermagem da Maternidade da Guarda. E ainda, a criação do nicho da amamentação, que é um projecto pioneiro nos hospitais públicos do país. Trata-se de um espaço que se destina a atender todas as mães que amamentam e que têm problemas relacionados com fissuras, mamilos gretados, mastites, dúvidas e insegurança. Além destas “mais-valias”, ainda este ano, deverá arrancar um novo projecto: o acompanhamento domiciliário após o parto, que numa primeira fase só se vai realizar numa área mais próxima. Ou seja, no caso de um parto normal, a parturiente poderá ir para casa um dia mais cedo, em vez dos três dias da “praxe”. Depois será feita uma visita domiciliária por uma enfermeira especialista.

Patrícia Correia

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