Maria João e Mário Laginha actuam, sábado à noite, no Cine-Teatro de Gouveia. A dupla maravilha do jazz português apresenta o seu último trabalho “Tralha”, mas também alguns dos temas que lhe granjeou mais notoriedade.
«Juntámos a tralha que quisemos, quando quisemos. Utilizámos os sons que cada música ou canção nos pedia. Aproveitámos, e muito, não só os grandes músicos que tocaram e gravaram connosco, como as ideias que todos eles trouxeram», garantem no texto de apresentação do CD, editado em 2004. No entanto, “Tralha” é mais do que isso, apresentando-se quase como uma súmula da carreira de Maria João e Mário Laginha ao integrar temas de todos os discos anteriores. Ambientes “world”, orquestras, electrónica, improvisação, vocalizos com letra e vocalizos transformados em letra já fazem parte da imagem de marca de um duo que desafia catalogações e é hoje um projecto incontornável no universo jazzístico nacional. Maria João e Mário Laginha cruzaram-se pela primeira vez no início dos anos 80, quando o pianista foi convidado para integrar o quinteto daquela que era a nova e promissora voz do jazz português. Reencontraram-se em 1990 a propósito de um trabalho com o grupo “Cal Viva”, onde tocavam Carlos Bica (contrabaixo), José Peixoto (guitarra) e José Salgueiro (percussões). Mas o percurso em comum arrancou três anos depois com “Danças”. Passados estes anos, a dupla já editou oito discos marcados pela constante inovação e capacidade de surpreender o público, com a definição de um estilo muito próprio dentro de uma extraordinária diversidade sonora.
