O Presidente da República desafiou os herdeiros de Vergílio Ferreira a transformar a “Vila Josefina”, casa da família do romancista na sua aldeia natal Melo, num centro de cultura dedicado ao escritor.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve naquela localidade do concelho de Gouveia no passado dia 10 para inaugurar um roteiro literário alusivo à obra do autor de “Manhã Submersa” no âmbito do centenário do seu nascimento. «Olho para a “Vila Josefina” e estou a imaginá-la como um centro de cultura aberta a tantos e tantas que aqui venham para discutir a obra de Vergílio Ferreira, para revisitar a sua vida e recordá-lo», afirmou o Chefe de Estado, que disse estar confiante quanto a um acordo entre a autarquia e a família. «Ainda no meu mandato aqui virei para inaugurar aquele centro de cultura Vergílio Ferreira», confiou Marcelo Rebelo de Sousa, para quem o escritor «deu a Melo uma projeção por aquilo que recordou e por aquilo que imaginou a partir da recordação, mas também é verdade que a força dessa recordação foi tão presente na sua obra e na sua vida que sem essas raízes essa obra e essa vida não teriam sido o que foram».
Segundo o Presidente da República, «tendo partido muito cedo e depois regressado regularmente» à aldeia, as referências na sua obra literária são muitas, como «os locais, os gestos, as narrativas, as recordações do que tinha ouvido até aos dez anos ou daquilo que acabou por mais tarde ouvir e reportar a essa infância». E sublinhou: «Somos levados a acreditar que mesmo os génios mais génios, muito do que são devem às suas raízes: à terra onde nasceram, à família em que nasceram, ao que receberam e impercetivelmente que os foi marcando por toda vida». Com início na praça central de Melo, o roteiro inaugurado segue por vários locais referidos na obra do escritor (1916-1996) e os seus visitantes podem descarregar uma aplicação para dispositivos móveis que lhes transmitirá um sinal quando se aproximam de cada ponto e uma descrição do mesmo. Nesta vinda a Gouveia, Marcelo também visitou a Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, que acolhe o espólio cedido pela família do escritor ao município.
