O investigador Manuel Grândara defendeu em Trancoso, nos “Serões da Beira”, no sábado, que D. Sebastião, o rei desaparecido na Batalha de Alcácer Quibir, «viveu e morreu» em Limoges (França).
O investigador do IADE, em Lisboa, referiu que «esta questão está investigada e existe documentação decisiva», assegurando ainda «não haver dúvidas sequer». Para sustentar a sua tese, Manuel Grândara referiu-se a cartas e documentos confidenciais que estão na biblioteca da Fundação Casa de Medina Sidónia (Espanha) e que foram «trocados entre Maria Sidónia e Filipe II, que viria a ser Filipe I de Portugal, em que fica claro que D. Sebastião estava vivo e que faleceu em Limoges, em França». Não é possível datar com exactidão a morte do herdeiro do trono que ficou conhecido como “O Encoberto” ou “O Adormecido”, mas Manuel Gândara avançou datas: «1641 ou 1642, já depois da Restauração». O investigador partilhou ainda um dado curioso da sua tese, ao defender que o ossário de D. Sebastião serviu de canteiro após a transformação em fábrica de porcelanas do Convento dos Agostinhos. O tema dos serões promovidos pela Câmara de Trancoso, centrado nos judeus e na sua presença no concelho, também foi abordado pelo investigador, que falou de Bandarra. O docente aproveitou para anunciar que está a preparar uma edição integral e comentada das Trovas de Bandarra, que permitirão esclarecer várias dúvidas, nomeadamente «quem é o Fernando das crónicas de Bandarra». Já Antonieta Garcia, da Universidade da Beira Interior (UBI), a primeira a intervir, considerou que «os judeus foram muito mal amados apesar do papel muitíssimo importante que desempenharam no desenvolvimento do país». Uma das causas da decadência do país «foi precisamente a partida dos agentes do conhecimento científico e, também, de financiamento de muitas empresas», disse. Para os Serões da Beira foram ainda convidados o historiador Adriano Vasco Rodrigues, José Marques, da Universidade do Minho, Humberto Baquero Moreno, da Universidade de Lisboa, João Guerra, Procurador da República em Lisboa, e António Carvalho, historiador e jornalista, entre outros.