Manuel Alegre esteve na UBI, na passada quinta-feira, para participar no ciclo “Presidenciais 2011 – os candidatos em discurso directo”, promovido pelos mestrados em Jornalismo e Ciência Política e licenciaturas de Ciências da Comunicação e Ciência Política e Relações Internacionais. O candidato aproveitou a oportunidade para criticar a «acção discreta» do actual chefe de Estado.
«A acção foi tão discreta que não se deu por ela. Por outro lado, acho que uma das armas do presidente é a palavra, clara, transparente e democrática. O Presidente da República aparece muitas vezes na televisão para não dizer nada, ou então, quando lhe perguntam alguma coisa, ele diz que não se pronuncia», afirmou Manuel Alegre. Numa entrevista conduzida pelo director do jornal O INTERIOR, Luís Baptista-Martins, e pelo chefe de redacção da Rádio Cova da Beira, Paulo Pinheiro, com moderação do professor André Barata, o histórico socialista considerou que «a situação do país com Cavaco Silva na presidência é má», responsabilizando-o «pelas ilusões que criou nos portugueses, pelo facto de ser economista, por ter defendido a cooperação estratégica e por ter dado a entender que ia co-governar e resolver problemas que não lhe compete resolver», sublinhou.
Relativamente à situação do interior do país, o candidato defendeu a regionalização: «Mais do que um imperativo constitucional, é um imperativo democrático e nacional, pois o único caminho para esbater assimetrias já não é só pela descentralização», afirmou, rejeitando aquilo a que chamou «o reforço do centralismo». Outro dos enfoques do socialista foi dado às políticas de emprego praticadas em Portugal, nomeadamente ao facto do país não estar a apostar na mão-de-obra jovem e qualificada de que dispõe. Considerando que «não temos licenciados a mais, precisamos de mais gente qualificada», o candidato afirmou que é «o mercado de trabalho que não se adaptou à nova qualificação de muitos jovens licenciados». Por isso, Manuel Alegre apelou a uma «nova mentalidade empresarial, porque o desenvolvimento e competitividade da nossa economia fazem-se com a qualificação e com estes jovens, não se fazem com trabalhadores desqualificados».
E deixou uma garantia: «Se for Presidente da República e achar que os jovens estão conformistas, vou empurrá-los para o inconformismo e para a rebeldia, porque eles têm direito à vida e ao futuro, e isso é uma coisa que a democracia tem que lhes garantir», prometeu. Todos os restantes candidatos às Presidenciais de 23 de Janeiro já foram convidados a participar nesta iniciativa. Manuel Alegre esteve na Guarda no dia seguinte, onde inaugurou a sua sede de candidatura – no Largo Frei Pedro – e participou num jantar com apoiantes, sobretudo socialistas. Nesta passagem, o candidato apoiado pelo PS e BE mostrou-se optimista quanto ao resultado das eleições. «Em democracia não há coroações, nem vencedores antecipados. Eu estou a lutar para garantir o primeiro lugar», declarou, acrescentando que chega ao fim da primeira volta pelo país «com uma grande confiança e uma grande esperança».
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Rafael Mangana