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Manteigas diz adeus ao título em Trancoso

Espectacular golo de João Ferreira ao cair do pano foi prémio para a equipa de Carlos Ascensão, que jogou uma hora reduzida a dez unidades

Com a derrota em Trancoso no último domingo, a Desportiva de Manteigas deverá ter ficado definitivamente afastada da luta pelo título de campeão distrital da Guarda. Vinda de um inesperado desaire frente à Lageosa do Mondego, a formação orientada por Tó Real surgiu muito impaciente e acusou ainda a falta do influente João Biló, não conseguindo tirar partido de jogar contra dez durante cerca de uma hora. Por seu turno, a equipa da “vila de Bandarra” soube defender bem, sem nunca descurar as rápidas saídas para o contra-ataque.

A precisar de vencer para continuar a sonhar com o título, o Manteigas dominou grande parte do encontro, embora raramente tenha criado perigo para a baliza defendida por Hélder. Aos 13’, Picas cruzou da direita para a área onde surgiu Gita, em boa posição, a cabecear muito mal. Cinco minutos depois foi a vez de Beto tentar a sua sorte com um remate de fora da área que não passou muito longe do poste direito. À passagem da meia-hora, o Trancoso deu o primeiro sinal de perigo, com Daniel Pinto, desmarcado no lado direito, a parecer ter sido derrubado em falta à entrada da área. Contudo, o árbitro Carlos Gomes assim não entendeu, mas, um minuto depois, mostrou o segundo cartão amarelo a Quim. Carlos Ascensão mexeu então na sua equipa, colocando o médio João Ferreira no lugar do apagado Tomé para jogar como homem mais avançado. Tudo se conjugava para que a tarefa do Manteigas fosse mais fácil a partir deste momento, mas tal não veio a verificar-se. Já em cima do final do primeiro tempo, o Trancoso voltou a mostrar que não estava remetido à defesa e depois de um deslize de Pedro Dias, Marco Pinto aproveitou para servir Chico Monteiro que rematou muito por cima.

Na segunda metade, o domínio territorial do Manteigas intensificou-se, com Tó Real a apostar o “tudo por tudo” fazendo entrar três homens com tendência atacante, mas a equipa jogou sempre mais com o coração do que com a cabeça. Já o Trancoso continuou a defender muito bem e, aos 55’, João Veiga, de livre directo, atirou à parte exterior do poste esquerdo. Aos 63’, um livre de Beto provocou a confusão na área caseira, mas, de entre um molho de jogadores serranos, nenhum teve o discernimento necessário para fazer golo. Na resposta, a formação da casa voltou a criar uma jogada perigosa com Daniel Pinto a ter uma boa incursão pelo flanco esquerdo, mas, na hora de soltar a bola, viu um adversário cortar para canto. Depois deste aviso, o Trancoso marcou mesmo quando já estavam decorridos 87’ de jogo. Na sequência de novo contra-ataque pela ala direita, Marco Pinto desmarcou João Ferreira que, depois de receber o esférico à entrada da área, “fez o que quis” de três defesas contrários, antes de rematar rasteiro fora do alcance do guardião Sérgio Nogueira. Estava assim consumado o “balde de água fria” para o lado do Manteigas, que ainda desperdiçou uma boa ocasião para chegar ao empate, mas o cabeceamento de Beto encontrou Hélder no caminho. Carlos Gomes realizou uma boa arbitragem, sem interferência no resultado final.

Carlos Ascensão mostrou-se satisfeito com este triunfo que interrompe uma série de resultados negativos: «Foi uma vitória de uma equipa humilde que lutou muito e que mostrou bastante motivação. Com muito mérito e uma pontinha de sorte à mistura, acabámos por vencer justamente», considerou o treinador trancosense. Pelo lado oposto, Tó Real reconheceu que o Manteigas está a atravessar um período mau: «A equipa está intranquila e sentiu bastante a pressão», disse, prometendo, no entanto, «continuar a lutar» até final.

Ricardo Cordeiro

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