Arquivo

Mais um ourives assaltado no regresso de Trancoso

António Nunes Cardoso foi perseguido e ferido na cara, antes dos ladrões fugirem com o ouro e dinheiro

As estradas que vão dar à feira de Trancoso, todas as sextas-feiras, têm-se revelado uma verdadeira armadilha para os ourives que acorrem ao maior mercado semanal da região. António Nunes Cardoso, de 43 anos, foi a última vítima na semana passada.

Literalmente emboscado na viagem de regresso, o proprietário da Ourivesaria Nunes, no centro de Celorico da Beira, foi alvejado na cara, continuando internado nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), mas livre de perigo, onde está a recuperar de uma cirurgia maxio-facial. Já os assaltantes levaram uma «grande quantidade de dinheiro e ouro», refere uma fonte policial, acrescentando que o valor do roubo está por apurar. O método foi, em tudo, semelhante ao assalto ocorrido em Dezembro passado na zona de Celorico-Gare. Ao final da manhã, os ladrões perseguiram a vítima pela EN 102, entre Trancoso a Celorico, e fizeram algumas tentativas para abalroar a sua carrinha, tendo disparado vários tiros. Acossado e, provavelmente ferido, António Nunes Cardoso acabou por ser interceptado na recta do Minhocal.

Já nada pôde fazer para evitar que levassem as malas que transportava. De seguida, os assaltantes puseram-se em fuga e, supostamente, terão trocado de veículo algumas dezenas de quilómetros mais à frente. Para trás ficou o ourives, descoberto inconsciente na valeta pelos bombeiros e a equipa do INEM, alertados por outros feirantes que também regressavam de Trancoso. A vítima ainda foi transportada para o Hospital Sousa Martins, mas, dada a gravidade do ferimento, teve que ser transferida para Coimbra ao início da tarde. A PJ admite que o assalto terá sido praticado por um grupo «bem organizado», que também poderá estar relacionado com outros casos registados na região Centro. De resto, os carros usados foram encontrados na zona de Mangualde. Uma carrinha Audi A4 e um Saab descapotável arderam num pinhal, enquanto outro Audi – que se suspeita ter sido utilizado para a fuga depois de incendiarem os dois primeiros – foi apreendido no Bairro Senhora do Castelo. As investigações prosseguem.

Trancoso reclama mais meios de segurança

Júlio Sarmento, presidente da Câmara de Trancoso, já oficiou ao ministro da Administração Interna, Rui Pereira, a exigir «um reforço dos meios de segurança que inibam a prática de “actos de terrorismo” e violência que têm ocorrido ultimamente» e que estão a preocupar a autarquia e populações.

«O mercado semanal de Trancoso, considerado o maior das Beiras e um dos maiores do país, bem conhecido das Brigadas de Trânsito e da ASAE pela sua importância e dimensão, parece carecido de meios de segurança que evitem autênticos actos de puro terrorismo», refere um comunicado do município. O autarca está ainda preocupado com os meios utilizados nos assaltos. «O uso de armas de grande calibre, inclusive de pistolas-metralhadoras, além do uso de carros de grande cilindrada, configuram um novo tipo de criminalidade que exige maior esforço e operacionalidade no concelho de Trancoso», sustenta.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply