A Refer adjudicou à Alcatel as obras de sinalização no troço Castelo Branco/Guarda da linha da Beira Baixa por 16,5 milhões de euros. O acto de consignação decorreu segunda-feira na estação da Guarda e assinalou o arranque de uma empreitada que deve estar concluída em Dezembro de 2007. A obra consiste na construção de oito edifícios técnicos de suporte aos sistemas de sinalização e telecomunicações, instalação do sistema de sinalização, ensaios e manutenção do sistema.
A instalação deste sistema insere-se nos trabalhos de modernização desta ferrovia, orçados em 150 milhões de euros, e visa contribuir para a eliminação do erro humano e consequente aumento da segurança na circulação dos comboios. Mas também na redução da paragem dos comboios nas estações, na optimização da exploração ferroviária e no aumento da capacidade de tráfego. Presente na cerimónia, o ministro das Obras Públicas, sublinhou que esta intervenção vai proporcionar «mais segurança, rapidez e conforto». Para Mário Lino, a modernização da linha da Beira Baixa é um exemplo do combate à interioridade: «Esta via pode ser decisiva para criar pólos de desenvolvimento nesta região e contribuir para a coesão nacional», sustentou o governante. Paralelamente, foram ainda lançados três concursos públicos para supressão de 14 passagens de nível existentes no concelho de Castelo Branco e uma outra no concelho da Covilhã. Já o presidente da Câmara da Guarda, e antigo responsável na Refer pelo eixo Beira Alta-Beira Baixa, aproveitou a ocasião para reivindicar a criação de um ramal ferroviário na Plataforma Logística, em construção na cidade, bem como a concretização da ligação directa entre aquelas duas linhas, que se cruzam na cidade.
«Ainda estamos a tempo de corrigir algumas injustiças para com a Guarda neste campo, tanto mais que a plataforma vai tornar-se num importante elo na passagem de mercadorias entre Portugal e a Europa», disse Joaquim Valente. Contudo, o ministro tranquilizou o autarca ao dizer que estão a ser desenvolvidos estudos para a criação daquele ramal, salientando que o projecto da PLIE «também tem a ver com as relações de Portugal com Espanha». Menos esclarecedor foi em relação à eventual
introdução de portagens nas auto-estradas sem custo para o utilizador (SCUT). Mário Lino reafirmou que os estudos sobre o financiamento destas vias estão a decorrer e anunciou que as medidas a propor vai ser reveladas no início de 2006. Entretanto, o Governo tem já um aliado na Guarda. É que Joaquim Valente considera ser uma «boa solução» introduzir portagens nas SCUT quando as regiões alcançarem a média do desenvolvimento nacional. O ministro falou ainda fugazmente sobre o comboio de alta velocidade, que inicialmente previa uma paragem na Guarda na ligação Aveiro-Salamanca, para garantir que o plano das ligações ao país vizinho mantém-se, «mas as prioridades e o calendário têm de ser alterados e ajustados à nova realidade, o que vai ser discutido com Espanha na próxima cimeira».
Luis Martins