A deputada comunista Rita Rato defendeu esta quinta-feira que «é preciso mais salário e menos horário» em resposta a uma deputada do PSD, numa declaração política no Parlamento, após acusar o anterior Governo de fragilizar os trabalhadores.
«É preciso mais salário e menos horário», afirmou, depois de reiterar a necessidade de garantir as 35 horas [de trabalho semanal] a todos os trabalhadores, seja da administração pública, seja na redução de horários de trabalho para as 35 horas, «sem perda de remuneração nem de outros direitos, no setor privado como contributo para criar postos de trabalho e combater o desemprego».
A social-democrata Mercês Borges e o democrata-cristão Filipe Anacoreta Correia tinham criticado a postura de PCP e dos outros partidos com acordos bilaterais com o PS (BE, PEV) por não levarem as suas iniciativas à prática, dada a sua proximidade do poder. «Não são oposição, são poder, fazem parte do poder, decidam! Entendem-se ou não se entendem? Ou é sempre “a luta continua”, estejam no poder ou na rua», questionara a parlamentar social-democrata, lembrando que o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, já garantiu não ir «mexer nem alterar legislação laboral».
O deputado do CDS-PP lamentou que Rita Rato se mostrasse “preocupada, alegadamente, com a situação dos trabalhadores” e optasse por «atacar o capital». O socialista Tiago Barbosa Ribeiro afirmou que «a dignidade das pessoas e do trabalho está a frente dos valores do lucro e da desigualdade, naquilo que são horários desregulados e falta de contratação coletiva, violadas ao longo de quatro anos pelo Governo anterior», destacando a campanha em curso de combate à precariedade.
«Precisamos de “destroikar” o Código do Trabalho», exigiu o bloquista José Soeiro, referindo-se ao desbloqueamento da contratação coletiva e às reversões de cortes nas horas-extra e a imposição de banco de horas, entre outras medidas porque «as horas a mais que se trabalham em Portugal significariam mais 60 mil postos de trabalho».
Rita Rato já tinha recordado que «as fortunas dos oito homens mais ricos do planeta equivalem ao rendimento das 3,6 mil milhões de pessoas mais pobres do mundo», uma «gritante aberração».