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Mais homens e meios contra os incêndios no Verão

Companhia de bombeiros profissionais helitransportados vai ficar estacionada na Guarda no período mais crítico

Mais homens e mais meios, assim se caracteriza o dispositivo de combate a incêndios no distrito da Guarda. Apresentado no último sábado, o plano de acção, que entra em vigor no dia 15, dá prioridade ao aumento da eficácia do ataque inicial aos fogos nascentes. Para tal, 30 bombeiros profissionais helitransportados ficarão na Guarda em estado de prontidão máxima entre 1 de Julho e 30 de Setembro.

Os “canarinhos”, como são apelidados devido à cor do seu fardamento, pertencem à Companhia Especial de Bombeiros (CEB) e serão uma ajuda preciosa para os efectivos das 22 corporações locais. Na fase “Bravo” (15 de Maio a 30 de Junho) – quando o risco de incêndio é menor – estarão prontos a intervir 169 bombeiros, 32 veículos e um helicóptero. Já na fase “Delta” (depois de 30 de Setembro) haverá 159 homens, apoiados por 29 veículos e um helicóptero. Meios a que se juntarão os efectivos do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, os diferentes corpos de sapadores florestais e os vigilantes das três áreas protegidas existentes na região. O dispositivo envolverá mais “soldados da paz” na fase “Charlie” (1 de Julho a 30 de Setembro), quando as condições meteorológicas são mais adversas e a floresta é mais vulnerável. Serão ao todo 599 homens, 171 veículos e três meios aéreos disponíveis em permanência, a que se juntarão mais 261 elementos da GNR, PSP, sapadores e vigilantes do ICN.

No ano passado arderam mais de 5.600 hectares no distrito, quase um quinto da extensão consumida pelas chamas em 2005. Para o Verão de 2007, o objectivo deste efectivo é «reduzir ainda mais a área ardida», disse António Fonseca, coordenador distrital do Centro de Operações e Socorros (CDOS). Evocando a tragédia de Famalicão, onde morreram um bombeiro da secção local e cinco sapadores chilenos, a Governadora Civil Maria do Carmo Borges pediu «o máximo de empenho e dedicação» dos bombeiros, mas também «muito cuidado». Presente na cerimónia, o ministro da Administração Interna alertou que o próximo Verão vai ser, «de novo, de risco», admitindo por isso que os resultados de 2006 em termos de área ardida «não são sustentáveis». António Costa apelou ainda ao empenho de todos contra os incêndios: «Os portugueses têm o dever de contribuir para evitar esta tragédia que se abate todos os anos sobre o país. Não podem pensar que os fogos são só um problema dos bombeiros, mas começa pela limpeza dos matos e o evitar comportamentos de risco», afirmou. O governante recusou-se a comentar o arquivamento pelo Ministério Público do caso do incêndio de Famalicão, lembrando que o inquérito conduzido pelo seu ministério já tinha esclarecido «as causas da tragédia e como tudo se processou».

Aeródromo de Seia não será base permanente de helicópteros

O aeródromo de Seia perdeu a corrida pela base permanente da frota de 10 helicópteros da Protecção Civil, que ficarão estacionados em Ponte de Sôr após a época de incêndios.

A decisão foi divulgada por António Costa, à margem da cerimónia de apresentação do plano distrital de combate aos incêndios. O ministro da Administração referiu que o relatório técnico deu preferência àquela cidade do distrito de Portalegre por se tratar de uma localização «mais central, entre Loulé e Santa Comba Dão, os actuais postos permanentes, e assegurar melhor cobertura do território nacional». Uma decisão de que a Câmara de Seia discorda «profundamente», reagiu de imediato Eduardo Brito. «O Governo perdeu uma boa oportunidade para dar um sinal ao interior, que está a viver um momento difícil com a reforma da administração pública e o fim de alguns serviços», lamentou. O edil recordou a «grande tradição» do aeródromo de Seia em acolher anualmente meios aéreos de combate a incêndios – o que não está em causa – e considerou que «acima dos pareceres técnicos estão as decisões políticas», como acontece com a Ota. Na corrida pela base operacional estava ainda Viseu, mas será Ponte de Sôr que vai acolher, a partir de Maio de 2008, seis helicópteros médios (Kamov) e quatro ligeiros (Eurocopter).

Luis Martins

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