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«Mais do que votos, ganhámos o partido»

CDU passou a ser a quinta força politica na Guarda, mas João Abreu acredita que partido saiu «reforçado»

Apesar de estar longe de conseguir eleger um deputado pelo círculo da Guarda, na sede do Partido Comunista na Guarda, no último domingo, vivia-se um ambiente de festa, com comida e bebida à discrição e boa disposição. Os jovens estavam colados aos televisores e vibravam com as entradas dos deputados pela CDU, que pouco a pouco aumentavam. A perda de um deputado no círculo eleitoral de Setúbal até foi desvalorizada pelos militantes e apoiantes presentes, que preferiram brindar aos 14 parlamentares eleitos.

João Abreu, cabeça de lista pela Guarda, apareceu sorridente na sede por causa do resultado vitorioso da CDU, que passou a ser a terceira força política na Assembleia da República, mas a quinta força no distrito, já que foi ultrapassada pelo Bloco de Esquerda. Obter mais votos fazia parte dos objectivos traçados para estas legislativas, recorda João Abreu, e «isso foi alcançado», aliado ainda «à derrota da direita», regozija-se o candidato. Por isso, considera que o partido «saiu reforçado» nestas legislativas, contrariando a ideia de um «declínio irreversível» motivado por uma quebra eleitoral nas últimas eleições, recorda João Abreu. No entanto, a maioria absoluta do PS constituiu um elemento «menos positivo e tranquilizador quanto à concretização da necessária mudança que o país exigia», garante. Em 2002, a CDU obteve no distrito da Guarda 2,2 por cento, contra os 2,9 por cento conseguidos no domingo, o que corresponde a mais 731 votos.

«Sinceramente, estava à espera de alcançar os três por cento. Mas, estamos nesse patamar», admite João Abreu. Em todos os concelhos do distrito, a CDU aumentou o número de votantes, à excepção de Almeida, que manteve o mesmo número alcançado nas últimas legislativas. Seia, Gouveia e Pinhel foram os municípios onde se registou um aumento mais significativo, com mais de cem votos em cada.

Segundo o candidato, a campanha correu muito bem e «mais do que votos, ganhámos o partido», com novas ideias, projectos e uma lufada de gente nova. Apesar de não elegerem nenhum deputado, João Abreu assumiu o compromisso de apresentar o projecto da Operação Integrada de Desenvolvimento da Corda da Serra na Assembleia da República. O cabeça de lista lançou ainda um desafio para que o novo Governo assuma o compromisso de «accionar junto da União Europeia a cláusula de salvaguarda» para o sector têxtil nacional. «Vamos continuar presentes, porque não somos uma força politica da moda», garante João Abreu, aludindo ao maior número de votos do BE. «Também é significativo termos subido quando o BE sobe, pelo assim não podem dizer que foi à custa da CDU», sublinha. É que para o candidato, o Bloco aparece como uma «oposição interna do PS, pois são muitos os eleitores descontentes com o guterrismo, o socratismo e com toda aquela caldeirada que não se define em termos políticos», diz.

Patrícia Correia

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