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Mais do mesmo na Saúde

2017 foi um ano de extremos, de muitas alegrias e sucessos, mas também foi, para muitos, um ano de dificuldades e de sofrimentos.

Na área da Saúde foi mais do mesmo: falta de uma aposta orçamental clara no sector, desorganização e falta de planeamento estratégico para os recursos humanos, uma equipa governamental totalmente sem capacidade de resposta para os desafios mais prementes dos doentes e das pessoas.

Na região Centro, os problemas mantém-se sem qualquer perspetiva de alguma melhoria. Nem a mudança de secretário de Estado, nem a mudança de presidente da Administração Regional de Saúde do Centro são prenúncio para qualquer tipo de otimismo. O ano começou mal e não acaba melhor.

A região Centro está gradualmente a perder influência na área da Saúde. Entre avanços e recuos, o balanço tem sido ostensivamente negativo. Um dos exemplos mais ilustrativos é a degradação das infraestruturas a que estão sujeitos muitos Centros de Saúde e Hospitais.

Na área dos recursos humanos o balanço é devastador. Não só falta planeamento como uma aposta consistente para as unidades de saúde do interior. Este ano foi adotada uma medida que ainda estrangula mais os hospitais periféricos e esvazia de recursos humanos os que já tinham pesadas dificuldades: foi imposta uma redução da contratação de médicos, e outros profissionais, externamente mesmo para os hospitais com comprovadas carências, como é o caso da ULS da Guarda.

Quem mais sofre são os doentes que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde. A carência de recursos humanos é fator penalizador para quem mais precisa. Note-se que as famílias portuguesas, segundo o último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), são as que mais gastam do seu orçamento familiar em relação aos restantes países europeus. Inacreditável!

A Ordem dos Médicos alerta, há vários anos, para estas realidades e a necessidade de corrigir estas tremendas desigualdades. O Serviço Nacional de Saúde continua a resistir com a ajuda de profissionais empenhados e dedicados.

Aproveito esta oportunidade para desejar a todos umas boas festas de final de ano e especialmente àqueles que estiverem a trabalhar em unidades de saúde ao serviço dos doentes. Um bem-haja pelo esforço e pelo trabalho.

Por: Carlos Cortes

* Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos

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