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Mais desenvolvimento sustentável, precisa-se

Opinião – O que esperar de 2017

A convite do diretor de O INTERIOR alinhavo aqui algumas ideias sobre a Guarda, pois é falar daquela cidade que proporciona boa qualidade de vida, onde crescem em liberdade crianças e jovens; é falar também da cidade bioclimática, do ar puro, da água rica em sílica, enfim, um rol de características que quase nos levam a tocar a imortalidade mas, infelizmente, é falar também da progressiva redução da população com consequências negativas muito sérias no presente e futuro desta região.

Marcada por imponentes maciços rochosos de granitos e xistos, assim como por uma flora e fauna únicas, a região da Guarda, inserida nas bordeiras do Parque Natural da Serra da Estrela, é a área mais emblemática de Portugal Continental para valores naturais associados à altitude.

Esta privilegiada proximidade ao Parque Natural, que em breve será promovido a Geoparque UNESCO, com impacto mundial, tem estado subaproveitada, continuando a importância do Parque a ser essencialmente reduzida a suporte básico do desenvolvimento rural.

Assim, urge apresentar este património único à população, com programas atuais e bem estruturados, principalmente junto das escolas, formando jovens conhecedores, no futuro, responsáveis e cuidadores. Temos que estar preparados para receber muito bem quem nos visita, potenciando ao máximo o turismo em todas as suas vertentes. É inaceitável que a maioria da população local e nacional desconheça o valiosíssimo património do Parque.

Sobre a cidade, e numa altura de enormes restrições financeiras, seria um sinal de inteligência e modernidade investir na preservação e conservação dos bens públicos, e não sobre estes reconstruir estruturas que, para além de alterarem a peculiaridade da cidade, apagam definitivamente a história e memória, que deveriam ser encaradas como as reais mais-valias a preservar na oferta turística. Refiro-me às remodelações que estão a ser executadas, contra a vontade fundamentada de muitos cidadãos informados e independentes, em jardins, parques e avenidas. Estas obras, para além de não trazerem nenhum desenvolvimento real, entristecem profundamente pela perda patrimonial e pelos custos inerentes comparticipados por todos nós e que deveriam estar a ser aplicados no efetivo desenvolvimento local e na melhoria das condições de vida dos cidadãos.

É inaceitável que a partir da Guarda seja mais acessível Madrid que Lisboa; Salamanca que Coimbra; Valladolid que o Porto, porque os custos das portagens prolongam intoleravelmente as distâncias.

Falta, nesta cidade e na região, implementar uma cultura moderna de desenvolvimento sustentável, possível com a tomada de consciência do enorme valor patrimonial local.

Elsa Salzedas

Professora

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