Mais de 100 criadores de gado do concelho do Sabugal têm recorrido regularmente à forragem disponibilizada pela Câmara para conseguirem garantir a alimentação dos seus animais. Pouco mais de um mês depois do Governo ter anunciado apoios extraordinários para minimizar os prejuízos causados pelos fogos da Quinta do Anascer e Ribeira da Nave, no final de Agosto e início de Setembro, os processos de candidatura estão ainda a decorrer. Entretanto, a Câmara do Sabugal já gastou perto de 25 mil euros em forragem alimentar.
«As candidaturas aos apoios do Ministério da Agricultura estão abertas, mas, como se sabe, são processos que levam o seu tempo na fase de formulação e também na da apreciação», refere Manuel Rito. Sem adiantar por mais quanto tempo a autarquia irá continuar a ajudar os criadores que ficaram sem recursos para alimentar o gado, o edil diz que «o importante agora é que chova em quantidade suficiente para que se dê rapidamente a renovação das pastagens». De acordo com os números da AcriSabugal – Associação de Criadores do Concelho do Sabugal, os fogos que lavraram entre 30 de Agosto e 1 de Setembro deixaram quase 5.500 animais sem comida. «Vai ser um ano muito difícil para nós», antevê o presidente da associação, José Freire, que diz que os criadores temem agora que «chova só durante alguns dias e que venham entretanto as geadas».
A acontecer um cenário destes, «poderemos só ter pastagens renovadas lá para a Primavera, o que nos deixará numa situação complicada», adianta o dirigente, reconhecendo que, «caso o Governo e a Câmara não tivessem apoiado os criadores, a situação seria bem pior». Os incêndios do Sabugal provocaram prejuízos na ordem dos dez milhões de euros, tendo sido consumidos 9.800 hectares de terreno – segundo o Relatório do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios, que diz que foi neste concelho que se registou o maior fogo em toda a Europa. Animais mortos, pastagens devastadas, culturas várias consumidas e arrecadações e alfaias agrícolas destruídas constam da lista de danos causados nas freguesias de Casteleiro, Santo Estêvão, Sortelha, Terreiro das Bruxas, Urgueira, Alagoas, Aldeia de Santo António, Baraçal e Vila de Touro.
Recorde-se que situação em que os fogos deixaram o concelho motivou mesmo a deslocação do Presidente da República a Sortelha e levou o Ministério da Agricultura a disponibilizar apoios para a alimentação do gado (50 euros por cabeça de ovino e caprino e 100 euros por bovino) e ainda ajudas de 50 por cento a fundo perdido para a reposição do potencial produtivo. Este apoio permitirá reparar situações como perda de olival ou vinha, animais mortos, colmeias perdidas e também de equipamentos agrícolas.
O concelho aguarda ainda resposta aos pedidos dirigidos pela Câmara à Autoridade Florestal Nacional (AFN), que assentam num plano de reflorestação e no escoamento pago do que ardeu durante os três dias de fogos. Também ainda sem qualquer resposta está, segundo a autarquia, o pedido de elaboração do cadastro geométrico do concelho, feito ao Governo, sendo que este é um instrumento considerado «fundamental» por Manuel Rito para que outra situação do género não volte a repetir-se no futuro.