É já este sábado que se torna realidade um «velho sonho» das gentes da Aldeia de São Francisco de Assis, no concelho da Covilhã, com a inauguração de um museu dedicado às minas de volfrâmio da Panasqueira, em laboração há mais de um século e as maiores do mundo com os seus 10 mil quilómetros de túneis.
O núcleo museológico, situado na Barroca Grande, ocupa um antigo depósito de combustível de 180 mil litros que foi reconvertido e transformado num gasómetro gigante. José Luís Campos, presidente da Junta de Freguesia, não esconde o contentamento pela abertura do “seu” museu, referindo que a ideia surgiu depois do depósito ser desenterrado. «Estava para ir para a sucata, mas foi aproveitado e transformado para dar origem a um museu único na região, no país e no mundo», garante o edil. Terá a forma de um gasómetro (lanterna a carboreto utilizada pelos mineiros) e «foi avante apesar da falta de apoios, graças ao trabalho a cem por cento da Junta. Fomos os projetistas, os soldadores, os carpinteiros e os eletricistas», afirma José Luís Campos.
O espaço vai ter patentes máquinas e utensílios utilizados nas minas, cristais e pedras semipreciosas e ainda vários manuscritos, entre os quais os «registos dos salários entre 1920 a 1945», destaca José Luís Campos, acrescentando que este espólio foi recolhido pela Junta ao longo de várias décadas. Numa primeira fase, o museu estará aberto apenas aos fins-de-semana e à tarde durante a semana porque «faltam ainda algumas infraestruturas, como os sanitários, que são obrigatórios mas não podem ser instalados no interior do gasómetro», explica. Contudo, o presidente da Junta de Aldeia de São Francisco espera ter o museu «aberto diariamente» a partir do início do próximo ano e mostra-se confiante no seu sucesso. «As minas da Panasqueira são bastante conhecidas e penso que as pessoas vão querer visitar-nos quando souberem da existência de um gasómetro destas dimensões a trabalhar como antigamente», acredita o autarca.
José Luís Campos revela que espera complementar o museu com «uma mina centenária que será aberta ao público» numa extensão de cerca de 100 metros. A mina, de construção manual, situa-se a poucos metros do museu e foi encontrada «quando se desenterrou o depósito», refere o autarca. «Servirá para mostrar às pessoas o que era a mina antigamente e como era trabalhar ali há cerca de 100 anos, oferecendo trajetos a pé e em locomotiva antiga», adianta o edil, que também pretende instalar um museu no interior desta mina e abrir cerca de dois quilómetros de galerias ao público. José Luís Campos diz ter o apoio da administração da Sojitz Beralt Tin & Wolfram Portugal para o projeto e conta ter «tudo bem encaminhado» até meados de 2013. Para o presidente da Junta, «todo o futuro desta zona passa pelo turismo e não só pela exploração mineira».
Fábio Gomes
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