Arquivo

«Lógica distrital vai ser um erro muito grande»

Domingos Torrão, Presidente da Câmara de Penamacor

«Está-se a cometer um erro muito grande». O aviso é de Domingos Torrão, presidente da Câmara de Penamacor, que diz não entender a «imposição» dos municípios da Beira Interior Norte. Adepto de uma Comunidade o mais abrangente possível, pois só assim terá «peso» territorial, demográfico e económico para reivindicar investimentos do poder central, o autarca do único município a Sul da Gardunha interessado em juntar-se à Cova da Beira e à Beira Interior Norte garante que a região está na iminência de perder uma grande oportunidade.

«A minha posição desde a primeira hora é que o que será mais sensato será realmente a união das Beiras, de toda a Beira Interior. Infelizmente as coisas têm estado complicadas», lamenta Domingos Torrão, para quem a questão das afinidades ou da falta delas pode ser ultrapassada quando os municípios da região e os seus responsáveis políticos deixarem de ver «o território apenas numa lógica distrital». E cita os exemplos da Associação de Municípios da Cova da Beira ou da Região de Turismo da Serra da Estrela, «que começaram com três ou quatro municípios, mas que foram crescendo e realizando investimentos à medida que as tais afinidades se foram construindo em torno de objectivos e projectos comuns. Na altura houve vontade para isso, hoje não sei porque ela não existe», questiona. O pior para Domingos Torrão é que o momento «não é fácil» para o tal projecto da Comunidade Urbana das Beiras: «Há um extremar de posições. A Guarda não quer nada com Castelo Branco, estes preferem outra solução. No meio deste impasse quem fica a perder, como sempre, é a região», garante, avisando que se não for constituída uma comunidade forte na Beira Interior corre-se o risco de «não ter peso político nas negociações directas com Bruxelas ou a própria Espanha». O futuro, diz, vai por aí, enquanto por aqui o presente começa a ser sombrio: «Em vez de ficarmos com uma comunidade forte e com dimensão, poderão sair daqui comunidades mais pequenas, que não conseguem libertar-se dos espartilhos distritais», critica, sublinhando que quem vai ganhar com esta divisão será certamente o litoral e outras regiões que estão a avançar para comunidades mais vastas – áreas metropolitanas ou comunidades urbanas – com o objectivo de ter «mais peso, dimensão e força para reivindicar investimentos junto do Governo. Aqui, pelo contrário, tudo vai continuar precisamente na mesma». Nesse sentido, Domingos Torrão é taxativo e receia que se esteja a cometer um «erro muito grande» com a manutenção de um lógica distrital.

Sobre o autor

Leave a Reply