São 164 as histórias/estórias que compõem a mais recente obra de Santos Costa, intitulada “As Lendas do distrito da Guarda”.
Embora alguns concelhos apresentassem um trabalho de recolha mais complicado que outros, nenhum dos 14 ficou de fora desta obra cuja elaboração foi norteada pela preocupação de «nenhuma lenda pode ser forjada, porque faz parte de uma cultura popular», afirma o escritor de Trancoso. O autor refere que Celorico da Beira, Mêda e Trancoso já eram concelhos com «um bom leque de lendas», pois tanto Santos Costa, como outros investigadores, já tinham compilado algumas estórias. Depois, não fosse esta a era da Internet, também os blogues foram uma boa fonte de informação, «mas nunca foi descartada a pesquisa no terreno, através de elementos históricos e de conversas com os mais antigos», adianta o escritor, que revela ter sido necessária «uma vasta consulta por mais de 300 freguesias».
Todas as lendas são apresentadas da mesma maneira, com a mesma formatação e o mesmo número de linhas, tendo sido «essencial respeitar o original tradicional», sublinha Santos Costa, que está «orgulhoso» do trabalho final. O autor arrisca mesmo a afirmar que «é a primeira do país em termos de distrito», fazendo da região da Guarda a «mais avançada na divulgação deste património cultural popular». Para publicar a obra foi necessário o apoio das autarquias, às quais o escritor propôs a aquisição de 25 exemplares. Mas nem todas aderiram, com Santos Costa a lamentar que «dos 14 municípios apenas sete apoiaram», sendo que uma, que prefere não divulgar, nunca respondeu ao seu contacto. Devido à falta de apoios, Santos Costa viu-se obrigado a diminuir o número de exemplares impressos para 400 e a aumentar o preço de venda ao público, que é de 17 euros por cada exemplar.
O livro “As Lendas do Distrito da Guarda” está à venda nas autarquias ou em todos os postos de venda de Trancoso, cuja autarquia foi a que «aderiu com mais entusiamos à iniciativa», tendo adquirido 50 exemplares. Santos Costa garante que esta edição surge «pelo gosto, porque o lucro é zero». Quanto à possibilidade de repetir este trabalho, o escritor é mais reticente, apesar de admitir que ainda «ficaram muitas lendas por contar e outras por descobrir», pois não é «fácil investir num projeto destes se não há apoios».
Ana Eugénia Inácio 
