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Leilão da Vodrages fracassou

Câmara de Seia, a principal interessada, está a negociar a compra do património directamente com o maior credor da antiga fábrica têxtil

A venda do património da Vodrages, empresa têxtil fechada desde 2005, fracassou. Vários interessados participaram, na passada sexta-feira, no terceiro leilão do património da fábrica, desta vez dedicado exclusivamente a terrenos, casas e edifícios fabris registados em nome da sociedade. Ao todo foram à praça 16 bens imóveis por um preço de mais de 1,4 milhões de euros. «Mas ninguém licitou acima desse valor base, pelo que o conjunto não foi vendido», confirmou Adelino Gonçalves, da leiloeira Avalibérica. Cabe agora à Assembleia de Credores decidir o que fazer.

À venda estavam seis terrenos agrícolas, um prédio misto e nove prédios urbanos, com destaque para a unidade fabril, situada na freguesia de Vodra, com uma superfície coberta de quase 26 mil metros quadrados e logradouro de 7 mil metros quadrados. Muito notada neste leilão foi a ausência

da Câmara de Seia, uma das principais interessadas no complexo industrial da antiga Vodratex. «Temos a nossa própria estratégia para concretizar este negócio, pois continuamos muito interessados naquele espaço», disse Eduardo Brito, escusando-se a adiantar mais pormenores sobre os contactos com o Montepio, principal credor da fábrica, com vista à compra dos pavilhões e área envolvente. Nesse sentido, a autarquia já terá oferecido 1,2 milhões de euros, uma soma bastante inferior aos 1,4 milhões pedidos na sexta-feira, montante que o edil não confirma: «É muito cedo para falar em números e negócios. O que se pode dizer é que o nosso interesse mantém-se e tudo faremos para comprar aquele património, que é um testemunho importante da história industrial do concelho de Seia», acrescentou.

Contudo, o projecto anunciado para aquela zona nada tem a ver com os têxteis, uma vez que o município tenciona criar um parque temático dedicado à História de Portugal, que resultará de uma parceria com investidores privados e será candidatado aos fundos comunitários. Quem aguarda o desfecho desta venda com alguma ansiedade são os antigos trabalhadores da fábrica. Carlos João, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), adianta que já receberam do Fundo de Garantia Salarial, «cerca de 50 por cento do que lhes é devido, mas falta o resto que deverá ser liquidado com o resultado deste leilão». O sindicalista recorda que o Tribunal de Seia «graduou em primeiro lugar» os créditos dos antigos funcionários, cerca de 100, que reclamam apenas um mês de salário em atraso e 50 por cento do subsídio de Natal. A Vodrages foi declarada falida pelo Tribunal de Seia há ano e meio, após ter fechado portas em Janeiro de 2005, com um passivo de cerca de 10 milhões de euros.

Luis Martins

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