– aqui no bar há crise?
disse alto, mas o som abafava a fala
– aqui não há nenhuma Cris
respondeu solicita.
– pagas um copo? Como te chamas?
– chegou crise por aqui?
– Crise? Ah! Não isso aqui não vem.
E riu-se
Um bar de pouca roupa
Meninas em salto alto e sem mala
Com telemóvel acendendo às vezes.
A Cris não é a crise e veio ver-me.
– Queres subir? São sessenta euros.
-Não sei!
-Mas que vens aqui fazer se não sobes?
– Fumas? Não – disse.
-Não bebes, não fumas, não sobes…
-quem és tu afinal? Polícia? És de ver?
Somos damas da noite e damos prazer
Com análises cada dois meses
Lutando por legalizar a residência
O contrato de trabalho.
Todas estas mulheres estão enfraquecidas
Pelas relações contratuais
Pelas ausências de mecanismos legais.
A única crise que temos é não sermos gays.
O que quero é ver-nos livres de esquemas
De bandidos, traficantes e outros mais,
Gente sem escrúpulos sem princípios
Nós protegemo-nos e somos precavidas
Nós somos tudo menos estúpidas,
Somos da noite e queremos ser legais.
Por: Diogo Cabrita