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Lacticínios do Mileu nega acusações do Sindicato

Miguel Proença admite «algumas dificuldades» mas vinca inexistência de queixas dos trabalhadores e de multas da fiscalização

A administração da empresa Lacticínios Progresso do Mileu refuta as acusações lançadas por Luís Portela, presidente do Sindicato dos Profissionais de Lacticínios (SPL). Na semana passada, o dirigente sindical denunciou atrasos nos pagamentos aos trabalhadores e instabilidade financeira.

Miguel Proença, administrador da empresa guardense, reconhece «algumas dificuldades, como todas as empresas», mas adianta que os salários do mês de Outubro já estão liquidados e que a qualidade dos produtos nunca esteve em causa. «O salário do mês de Novembro vai ser resolvido até ao final desta semana», completa o administrador.

Miguel Proença acha «estranhas» as palavras de Luís Portela, e acredita que «haverá alguém por detrás destas declarações». «Alguém a quem não interessa que os Lacticínios do Mileu produzam», atira. No que toca aos salários em atraso, o empresário estranha o facto do sindicato vir agora a público quando «houve empresas que faliram, e nessa altura não veio falar».

Em declarações à Rádio Altitude, Luís Portela disse que «a empresa nunca esteve tão ruim como está», questionando até a evolução da Lacticínios do Mileu. «Como é que uma empresa com salários em atraso está a progredir e está no bom caminho?», indaga. Segundo o dirigente sindical, «neste momento há uma incompatibilidade» entre sindicato e empresa. «As relações com a administração não são como antigamente. Neste momento é difícil colaborar devido à forma como os dois administradores estão a exercer o cargo». O SPL tem já definida a estratégia para este particular. «Vamos denunciar estas situações e pressionar a própria inspecção de trabalho, que no prazo de mês e meio foi lá duas vezes. E vamos pressionar a empresa no sentido de cumprir aquilo que tem de cumprir para com os trabalhadores, nomeadamente com os salários em dia», reiterou.

No que toca à actual situação da empresa, Miguel Proença não prevê despedimentos a curto prazo, mas adianta que essa é uma possibilidade no decorrer da actualização da empresa. «Os Lacticínios do Mileu estão atrasados tecnologicamente. Se nos modernizarmos e não conseguirmos aumentar a produção, poderá haver despedimentos», vaticina. Ainda assim, «a haver, serão feitos de comum acordo entre empresa e empregados, e com as respectivas indemnizações previstas por lei», completa.

O administrador da emblemática empresa guardense estranha tanta dedicação do Sindicato a este assunto até porque «nenhum trabalhador dos Lacticínios do Mileu manifestou desagrado, nunca ninguém se queixou à administração, e qualquer empregado é livre». Sem querer «falar pelos funcionários», o administrador lembra que «há um ano, quase todos os trabalhadores assinaram um abaixo-assinado dizendo não se reverem nas palavras do sindicato».

Foi em Setembro do ano passado que o mesmo dirigente sindical denunciou uma suposta «falta qualidade e de motivação nos trabalhadores» e pôs em causa a viabilidade económica da empresa. Na mesma data, Luís Portela dizia não haver fornecedores de leite para a produção daqueles que chegaram a ser «dos melhores queijos do país». A verdade é que a unidade fabril tem continuado a laborar e já em Dezembro alcançou um prémio num concurso internacional da especialidade, realizado em Espanha. No que diz respeito às visitas da Autoridade para as Condições do Trabalho, o empresário reconhece que elas se têm verificado, mas «por rotina, e não por qualquer queixa». «Não tenho nenhuma multa nem nenhum processo», remata Miguel Proença, que adjectiva o dirigente sindical de «mentiroso e ignorante».

Igor de Sousa Costa

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