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Júlio Santos espera que a Justiça «não interfira» nas eleições

Movimento de Apoio Júlio Santos a Presidente (MAJUSP) concorre à Câmara, Assembleia Municipal e a 14 freguesias de Celorico da Beira

Se dúvidas houvesse que a candidatura de Júlio Santos à Câmara de Celorico da Beira era para levar a sério, elas desfizeram-se no domingo à noite. Perante uma sala cheia de apoiantes e candidatos, grande parte dos quais jovens, o ex-presidente entrou oficialmente na corrida à autarquia e à Assembleia Municipal com a convicção de que vai

ganhar. «Não é por acaso, é porque vocês querem, merecem e conhecem-me», anunciou.

O Movimento de Apoio Júlio Santos a Presidente (MAJUSP) patrocina ainda listas independentes de cidadãos em 14 Assembleias de Freguesia, «as mais importantes do concelho», sublinhou o antigo autarca, condenado, em 2007, a cinco anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva para acto lícito, branqueamento de capitais, peculato e abuso de poderes. A pena foi agravada para seis anos e meio pela Relação de Coimbra em Fevereiro passado, mas Júlio Santos já recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça apoiado num parecer do penalista Costa Faria. «Segundo ele, todas as condenações a que fui sentenciado até agora são ilegais, pois os actos que cometi não são crime. Portanto, estou absolutamente tranquilo», disse. De resto, garantiu que goza actualmente de «todos os direitos civis, políticos e profissionais» e que espera que a Justiça não interfira com o processo eleitoral. «Uma luta não tem nada a ver com a outra», considerou.

Eleito pelo PS em 93 e 97 e pelo MPT em 2001, o candidato concorre este ano como independente e acredita que Celorico da Beira vai voltar «fazer história». «Se ganhar, é sinal que os celoricenses têm saudades daquilo que fiz e querem que volte a fazer o que foi interrompido», declarou Júlio Santos, para quem o facto da sua recandidatura ser proposta por 900 pessoas «é sugestivo num concelho com cerca de seis mil votantes». Recusando-se a «falar mal de ninguém», o cabeça-de-lista alegou que os seus adversários têm medo dele, mas por serem «incompetentes», justificando a sua candidatura com a «falta de respeito» do actual executivo para com os celoricenses, mas também por causa das «dívidas assustadoras» aos comerciantes: «Preferem fazer festas, deitar foguetes e dizer mal dos outros», criticou. Quanto a propostas, Júlio Santos anunciou que pondera denunciar o protocolo com a Águas do Zêzere e Côa para que seja o município «a gerir os seus recursos naturais e as mais-valias geradas».

Prometendo retomar o que não conseguiu concretizar há oito anos, o candidato disse também que vai revogar o acordo de exploração da Pousada de Linhares, pois não reconhece capacidade de gestão à Fundação Inatel. «Será a empresa municipal a geri-la», revelou, criticando o facto do executivo ter ficado «mudo» quando a vila perdeu a ligação ao IP2 e ao IC7. «Comigo na presidência, garanto-vos que a Câmara não se vai pôr de cócoras», declarou, sublinhando que colocará em funcionamento o novo parque industrial, situado junto à A25, e vai construir novos Paços do Concelho, além de requalificar a zona do mercado municipal. Além de Júlio Santos, integram a lista à Câmara, por esta ordem, a arquitecta Rute Vaz, João Manuel Duarte, Alda Santos e Carlos Barata. À Assembleia Municipal concorre Armando Neves.

Luis Martins

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