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Jovens descontentes com a política

Estudo foi apresentado no Dia Nacional do Associativismo, no IPJ da Guarda

O Dia Nacional do Associativismo foi festejado “com pompa e circunstância” na Guarda, no passado fim-de-semana. A delegação regional da Guarda do Instituto Português da Juventude (IPJ) encheu-se de jovens, associações e dirigentes, contando ainda com a presença do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias. No âmbito das comemorações foi apresentado um estudo sobre “O Associativismo Juvenil e a Cidadania Política”, que conclui que os jovens estão descontentes com a política e a democracia portuguesa. Também foi lançada uma Linha da Juventude, gratuita.

A iniciativa contou com a presença de aproximadamente 500 pessoas, o que «ultrapassou as expectativas», realça António Baptista, delegado do IPJ da Guarda. Para o responsável, «é importante reconhecer o trabalho destas associações que muitas vezes são a razão de vida nas aldeias e vilas do distrito». Daí que tenham sido atribuídos 30 troféus a dirigentes associativos do distrito da Guarda, no passado domingo. No mesmo dia, foi também divulgado um estudo elaborado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa a pedido da Secretaria de Estado da Juventude. Segundo o documento da autoria de Pedro Ferreira e Pedro Silva, a análise realizada sobre atitudes do associativismo juvenil e cidadania política, «sublinha um sentimento maioritário de descontentamento relativamente ao modo como a democracia funciona na sociedade portuguesa». Quanto à desconfiança dos jovens em relação à vida política, os autores apontam algumas causas, como «a incapacidade da sociedade em sustentar e satisfazer as expectativas sociais e económicas dos sectores juvenis, mas também uma certa degradação das instituições democráticas».

Segundo Laurentino Dias, o estudo pretende «diagnosticar os objectivos e as preocupações da juventude portuguesas, para uma melhor relação entre as políticas da juventude e os seus destinatários», sublinhando ainda que o associativismo em Portugal se traduz na existência de 1.300 associações juvenis, 300 de estudantes e 30 a 40 de âmbito nacional. «Não são muitas, podiam ser mais e com mais actividades», frisa o secretário de Estado da Juventude e do Desporto que salientou que o Governo dispensa «para apoio à sua actividade, mais de três milhões de euros por ano e desejamos dar um apoio mais forte», sublinhou. Mas, as comemorações do Dia Nacional do Associativismo Juvenil ficaram também marcadas pela apresentação pública da Linha da Juventude (707203030). Esta linha telefónica é gratuita e resulta de uma parceria da Secretaria de Estado da Juventude com a Fundação Para a Divulgação das Novas Tecnologias da Informação e a Movijovem. Através desta linha, os jovens de qualquer ponto do país podem ter acesso a informações sobre os programas, fazer reservas nas Pousadas da Juventude ou revalidar o Cartão Jovem, entre outras vantagens. Desta forma, «conseguiu-se consolidar e uniformizar o atendimento telefónico aos jovens», disperso pelas três entidades, assegura Maria Geraldes, presidente da comissão executiva do IPJ.

Novo Gabinete de Saúde e Sexualidade Juvenil

No sábado foi inaugurado o Gabinete de Saúde e Sexualidade Juvenil no IPJ da Guarda. A ideia não é nova, mas agora reaparece com mais valências. Há cerca de seis anos fechou o Gabinete da Sexualidade Juvenil, e «este agora surge com mais áreas privilegiadas de intervenção», explicou António Baptista. No novo espaço poderão ser tratadas questões relacionadas com a sexualidade, mas também outros assuntos que preocupam os jovens, tanto no âmbito da psicologia, como da nutrição. Assim, às terças e quintas-feiras haverá uma técnica no âmbito da nutrição e às quartas-feiras, uma psicóloga. Para o delegado do IPJ, o gabinete tem uma localização «privilegiada», pois a entrada é feita pela Loja Ponto Já e pela Biblioteca. Além disso, não há uma formatação rígida no atendimento, pois «não é preciso marcar consultas», sustenta o responsável. E, caso os técnicos não tenham utentes, «deslocam-se à Loja Ponto Já, onde há sempre jovens», cerca de mil por mês, destaca António Baptista, «onde poderão fazer acções de sensibilização», sugere.

Patrícia Correia

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