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José Sócrates diz que «há vida fora da política»

O antigo primeiro-ministro elogiou a democracia, os amigos e a vida após a política no dia em que foi homenageado pela Câmara de Belmonte pelos seus contributos para o desenvolvimento local e regional

«Venho aqui celebrar o sentimento da amizade, que é talvez o melhor que alguém pode exibir após a vida política», afirmou José Sócrates no último sábado após receber as “chaves do castelo” de Belmonte. O antigo primeiro-ministro foi homenageado pelo município devido ao seu «apoio e trabalho desenvolvido enquanto deputado e governante na implantação de infraestruturas e de projetos que contribuíram para o desenvolvimento local e regional», justificou a autarquia presidida por Dias Rocha.

A distinção foi entregue durante a sessão solene do feriado municipal, onde o ex-chefe do Governo se disse «muito sensibilizado» e «comovido» com a homenagem. «Já tinha saudades do distrito de Castelo Branco, de Belmonte e de tanta gente que aqui encontrei», acrescentou José Sócrates, que disse ter descoberto fora da política a «liberdade interior de não ter responsabilidades, há 30 anos que não acontecia». O antigo primeiro-ministro confidenciou ainda que «fora da política há uma vida à nossa espera» e que «uma das coisas boas é representarmo-nos apenas a nós próprios». José Sócrates dissertou depois sobre a democracia a propósito dos 40 anos do 25 de Abril, tendo considerado que, na passada sexta-feira, as diferentes formas de assinalar a revolução mostraram «a democracia em ação». Na sua opinião, «a divergência, a discordância e a polémica» que marcaram as comemorações em Lisboa são «uma forma original, não negativa, de celebrar a política, que é aceitar a divergência de opiniões».

Na sua intervenção, José Sócrates defendeu ainda que não serão necessárias ações de protesto ou novas revoluções, devendo antes esperar-se pelas eleições, que «são o momento certo para o povo falar e fá-lo sempre com clareza nas eleições». Por sua vez, o socialista Dias Rocha lembrou que o antigo chefe do Governo foi um «amigo de ações» e «ajudou» a concretizar o arranjo do castelo e sua envolvente, «concretizou» o apoio financeiro para a compra do Solar e Tulha dos Cabrais, «apoiou» a criação do Ecomuseu do Zêzere e a construção do novo quartel da GNR. Além disso, «influenciou» a criação da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, lançou o projeto Polis e concluiu a A23 «sem portagens». Para o autarca, «mais que um primeiro-ministro de créditos reconhecidos, foi um amigo desta região de onde partiu». Dias Rocha desafiou ainda os belmontenses a «retomar o espírito de Cabral», sabendo «ousar o desconhecido, conquistar o impossível e abrir novas estratégias».

No final da sessão foi assinado um protocolo com a Faculdade de Arquitetura do Porto com vista à requalificação do espaço urbano da vila e premiadas a jovem Sofia Barroso, campeã nacional de golfe sub-10, e a investigadora Teresa Tavares Bidarra, recentemente galardoada com um prémio internacional pela sua tese de mestrado na área da indústria alimentar.

Luis Martins «Descobri essa liberdade interior de não ter responsabilidades políticas», confidenciou José Sócrates

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