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Jorge Patrão exige reembolso do que foi gasto no Sanatório

Presidente da RTSE «não vai desistir» de reaver da Enatur os 1,3 milhões de euros canalizados para o projecto

O presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela vai exigir à Enatur – Empresa Nacional de Turismo o reembolso ao Fundo de Turismo dos 1,3 milhões de euros gastos com o projecto de reconversão do Sanatório dos Ferroviários em Pousada.

A garantia foi dada a “O Interior” pelo próprio, depois de uma reunião, na semana passada, com o presidente da Enatur.

Neste encontro, Jorge Patrão terá deixado bem claro que «não irá desistir» de reivindicar o reembolso destas verbas, pelo que irá transmitir brevemente ao Governo a sua posição. «Vou solicitar à tutela para que seja efectuado o reembolso dos 1,3 milhões de euros», assegurou, defendendo que «a lei tem que ser igual para todos». Isto tendo em conta que o projecto «não foi concretizado», mesmo depois de se ter procedido a um concurso público para executar a obra projectada pelo arquitecto Souto Moura. Segundo o responsável da RTSE, o presidente da Enatur terá justificado a ausência de investimento com a «falta de dinheiro» para adjudicar a obra e proceder à sua remodelação. Mas, para Jorge Patrão, a Enatur apenas perdeu o direito ao edifício por «negligência», pelo que há que pedir responsabilidades pela «perda de um património» que foi cedido pela Turistrela pelo valor simbólico de um escudo. E que tinha garantidos 15 milhões de euros provenientes de fundos comunitários, tendo sido ainda canalizado mais de um milhão de euros para a elaboração do projecto.

Uma verba do Fundo de Turismo que estava destinada à construção de um parque de campismo na Serra da Estrela, mas da qual abdicou a RTSE para levar avante a remodelação do edifício concebido, em 1927, por Cotinelli Telmo. A intenção de reaver a verba investida no projecto do arquitecto Souto Moura para a reconversão daquele edifício numa pousada já tinha sido manifestada por Jorge Patrão em Dezembro de 2004, quando soube que a Enatur tinha perdido o direito ao edifício por ter deixado expirar o prazo da escritura em que se comprometia a transformá-lo em Pousada até 2001. A falta de financiamento impediu que a obra avançasse, tendo a Turistrela prolongado por duas vezes o prazo da escritura. Em 2002, a obra ganhou um novo impulso com a abertura do concurso público internacional, que veio a ser ganho em 2003 pelo consórcio formado pela Ramalho Rosa, Cobetar e FCC. No entanto, a empreitada nunca chegou a ser adjudicada, até porque, nesse mesmo ano, o Grupo Pestana assumiu o controlo da Enatur – que detém 44 pousadas em Portugal – através de concurso público.

Orçada em 10 milhões de euros, a Pousada prevista incluia a construção de 56 quartos – 35 dos quais duplos, cinco familiares e 16 suites-, uma suite presidencial no último piso e um “health club”. A Enatur acabou por perder o direito legal ao edifício em finais do ano passado, voltando este para a Turistrela, que assumiu a sua recuperação, mas desta vez para construir um hotel de charme e com cinco estrelas.

Liliana Correia

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