Jorge Mendes prevê que o próximo ano será «extremamente difícil» a nível financeiro para o Instituto Politécnico da Guarda (IPG). As transferências do Estado rondam os 12 milhões de euros, o mesmo valor que em 2009, já que a instituição está no lote dos sete politécnicos que não terão qualquer reforço financeiro em 2010. «Pertencemos ao G7, ao [grupo] dos “ricos”», ironizou o presidente do IPG na passada quinta-feira, à margem da cerimónia de abertura do ano lectivo.
«Fomos premiados pela negativa por termos tido um desempenho financeiro magnífico», criticou Jorge Mendes, ao considerar que «mesmo os G7 estão com a corda na garganta». «Quem abriu concursos e disse que alguém pagará a factura teve direito a suplemento, ou seja, o “crime” compensa», afirmou ainda, referindo-se aos oito institutos que vão receber mais verbas que no ano em curso. Nestas circunstâncias, Jorge Mendes considera que será necessário recorrer a receitas próprias para garantir o funcionamento do IPG, tal como aconteceu no ano anterior, tendo sido gastos, segundo precisou, mais de 350 mil euros. Para este ano lectivo transita um saldo de «pouco mais» de 300 mil euros», o que significará que 2010 servirá para «liquidar de vez as receitas próprias», avisa. As verbas resultantes das propinas são a principal fonte de receita do Politécnico, pelo que Jorge Mendes espera que o Instituto possa «crescer nos mestrados» – cursos em que os valores são mais elevados do que nas licenciaturas.
O presidente do IPG está agora esperançado na realização de contratos-programa, tendo sido propostos ao Governo a inclusão de 12 projectos no Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para 2010, entre os quais a construção da nova Escola Superior de Saúde (ESS). Trata-se de um “pacote” que contempla as prioridades para «os próximos anos», justificou durante a cerimónia, ao falar num total de cerca de três milhões de euros. Além da construção das novas instalações da ESS no “campus” do IPG, orçadas em meio milhão de euros, o responsável destacou ainda a reconstrução do actual pavilhão desportivo da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto, a construção de uma residência de estudantes em Seia, a recuperação de alguns edifícios, a reorganização do estacionamento e a implementação de um projecto de segurança.
Quanto ao novo ano lectivo, Jorge Mendes elegeu como prioridades a qualidade, a formação, o aumento dos docentes doutorados e ainda a internacionalização e mobilidade, entre outros. No que toca à internacionalização, foi firmado na quinta-feira um protocolo com o município de São Salvador do Mundo (Cabo Verde) para o intercâmbio de estudantes e docentes, bem como o ensino de cursos de especialização de níveis III e IV por parte do Politécnico, através da Unidade de Ensino à Distância – que Jorge Mendes prevê que esteja a funcionar no início de 2010.
Conselho Geral aprovou três novas licenciaturas
Jorge Mendes anunciou, na cerimónia de abertura do ano lectivo, que o Conselho Geral do Instituto aprovou a criação de três novas licenciaturas, que vão ser submetidas à tutela. São elas Gerontologia Social, Terapia Ocupacional e Tecnologias das Artes e Espectáculos. Nos mestrados, o IPG quer criar os cursos de Construções Civis, Marketing e Comunicação, Professor Bibliotecário e Ciências do Desporto.