O Bloco de Esquerda (BE) quer ser uma «força decisiva» para a abertura de um novo ciclo autárquico na Guarda. Quem o diz é o candidato Jorge Mendes, que apresentou o seu programa eleitoral na noite de segunda-feira no TMG.
Para o antigo presidente do Instituto Politécnico, o critério do êxito de uma governação autárquica «não pode ser o da quantidade de betão que contrata, nem o da quantidade de festas e eventos que realiza, mas a satisfação dos direitos das pessoas, da sustentabilidade ambiental, da participação cidadã nas decisões e na vida da comunidade». Por isso, as suas propostas privilegiam as políticas sociais, ambientais e educativas, mas também a reabilitação urbana e a criação de emprego. Se for eleito, Jorge Mendes também tenciona baixar o IMI mas para 0,30 por cento e apostará na concretização da Alameda da Ti’Jaquina e da variante à Sequeira. E defenderá a deslocalização do quartel da GNR, junto ao TMG, cujo espaço pretende aproveitar para criar um centro multiusos. A candidatura do BE compromete-se a aplicar um orçamento de base zero para que «cada serviço da autarquia, cada entidade financiada, justifique as suas despesas em função dos seus objetivos e do programa a cumprir e não em função do orçamento do ano anterior».
Será ainda criada a figura do Provedor do Munícipe e, na área da educação, Jorge Mendes tenciona avançar com um novo centro escolar para a zona da Póvoa do Mileu, Bairro do Pinheiro e Bairro da Luz. Outra das propostas do Bloco são criar o Museu da Emigração e um «museu vivo», com apoio de privados, para mostrar a vida no concelho da Guarda desde o século XIX. Um Observatório Social do Concelho, implementar os programas “Guarda Feliz”, de combate à exclusão social, e “Guarda Verde”, para melhorar o desempenho ecológico do concelho, são outras medidas. Jorge Mendes quer ainda criar uma Agência Municipal de Arrendamento para a gestão do património subutilizado, recuperar o centro histórico da cidade, conceber e implementar o projeto “Guarda Cidade Bioclimática”, disponibilizar um Gabinete de Empreendedorismo e estabelecer uma rede de mercados locais.
Presente na sessão, Catarina Martins sublinhou que «nada está decidido à partida» e apelou à mobilização dos guardenses que não se revêm nas políticas levadas a cabo nos últimos anos. «A presença do Bloco na Câmara da Guarda fará toda a diferença. Se está a fazer diferença no país, seguramente que será capaz de fazer o mesmo na Guarda», afirmou a coordenadora do BE. A dirigente constatou que, por cá, a alternância entre PS e PSD na Câmara «não tem trazido alternativa. Temos rotinas a mais e soluções a menos, e precisamos seguramente de novas soluções tanto para os velhos problemas, como para os novos, caso dos desafios ambientais e do envelhecimento populacional». Catarina Martins disse também que, na Guarda, sente-se «claramente uma pressão, um sufoco, por parte do poder instituído que é antidemocrática e não é aceitável em pleno século XXI». Na sua opinião, as autarquias precisam de ser «um sítio de direitos e obrigações».
Luis Martins