Joaquim Valente entrou, domingo à noite, para a história do PS na Guarda ao obter um dos melhores resultados do partido desde o 25 de Abril. O presidente foi reeleito com quase 56 por cento dos sufrágios e conseguiu eleger cinco vereadores, a meta que se tinha imposto, derrotando Crespo de Carvalho com 6.879 votos de diferença.
Mas há mais. O candidato logrou aumentar a votação socialista nas freguesias urbanas e consolidou-a nas aldeias. O resultado é avassalador, ou como o próprio disse na festa de domingo, é «uma vitória que não será esquecida tão cedo». Tal como há quatro anos, Joaquim Valente foi recebido por centenas de apoiantes à porta da sede de candidatura. O vencedor da noite voltou a subir ao palanque instalado na rua e agradeceu o seu segundo mandato à frente da autarquia, mas sobretudo o resultado conseguido. «Jamais esqueceremos esta onda que se iniciou há muito tempo e que nos conduziu a esta grande vitória. Obrigado a todos», disse, sendo correspondido por uma grande ovação. Nesta curta intervenção – porque «o dia é de festa» –, o socialista também quis partilhar a vitória com os presentes, garantindo-lhes que «foram vocês, com o vosso entusiasmo e determinação, que nos deram ânimo, a mim e à minha equipa, para trabalharmos em nome da Guarda». Visivelmente entusiasmado, Joaquim Valente acabou a alocução com vivas à Guarda e a gritar “Guarda, Guarda” em vez de PS.
A candidatura socialista tem muitas razões para estar satisfeita. Na votação para a Câmara, o PS ganhou em 52 localidades e nalgumas delas com “scores” do outro mundo, como os mais de 84 por cento obtidos na Corujeira e Fernão Joanes. Esmagadores foram também os sufrágios conseguidos em Pêro Soares (83,3 por cento), Avelãs de Ambom (82,9) ou em Cavadoude. Na sua terra natal, o presidente/candidato obteve 80,2 por cento dos votos – mas perdeu a Junta para o candidato apoiado pelo PSD, José Paulo Antunes. Em contrapartida, Joaquim Valente não ganhou no Adão, Benespera, Marmeleiro e São Pedro do Jarmelo. De resto, a sua votação subiu na grande maioria das freguesias, com destaque para as urbanas de S. Miguel (mais 201 votos), Sé (mais 55) e São Vicente (mais 16). Em contrapartida, só na cidade – onde, supostamente, haveria mais descontentamento relativamente ao primeiro mandato do edil – Crespo de Carvalho perdeu 338 votos comparativamente a 2005.
«Ainda há pessoas que são daquela direita que roça a extrema-direita»
A O INTERIOR, Joaquim Valente não se mostrou surpreendido com os resultados de domingo. «O trabalho da campanha apontava nesse sentido. Nós falámos com as pessoas, ouvimo-las e as melhores sondagens são feitas conversando com os munícipes», disse, estranhando que o seu principal adversário tenha «apregoado» que ia ganhar. «Não sei em que é que se baseava, mas não era nas pessoas com certeza», ironizou. O presidente reeleito acredita ter ganho estas eleições «com mérito», mas também por ter «falado com verdade aos eleitores, sem nunca ter diminuído ninguém». E, na sua opinião, as intervenções do PSD nos últimos tempos revelaram que era «uma candidatura arrogante e cujo objectivo era diminuir as pessoas». Quanto ao crescimento nas freguesias urbanas, Joaquim Valente justifica-o com o «investimento» no centro histórico e a aposta na requalificação do espaço urbano. «Só é cego quem, não vê. Neste mandato vamos apostar ainda mais na valorização da cidade e na melhoria dos bairros e espaços verdes», promete.
Já as declarações de Crespo de Carvalho após a divulgação dos resultado mereceram-lhe uma resposta dura: «Este igual a si próprio. Ainda há pessoas que são daquela direita que roça a extrema direita. São poucos mais ainda os há», declarou, afirmando que espera contar na Câmara com uma oposição «colaborante e não arrogante». O novo executivo vai tomar posse «o mais rapidamente possível» após a publicação dos resultados em “Diário da República”. Além de Joaquim Valente, foram eleitos Virgílio Bento, Elsa Fernandes, Victor Santos e o jovem Gonçalo Amaral.
Para a Assembleia Municipal, a lista liderada por João Almeida Santos foi a mais votada, com 12.502 sufrágios, tendo garantido 31 mandatos.
Luis Martins
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