Arquivo

João Paulo II – O anti –herói

«A sua resistência é o maior legado que deixa à humanidade. É a verdadeira essência de um homem de Fé. É a fragilidade que acentua a sua grande nobreza. A contrapor com os heróis de plástico dos nossos dias, João Paulo II é um homem verdadeiro, de carne e osso, de glórias e angústias. O Papa não é um atlética olímpico nem um modelo de passerelle – é um líder espiritual»

João Paulo II é uma imagem de fraqueza ou uma imagem de força? O mundo vê um homem débil numa luta contra o seu próprio corpo.

Karol Wojtyla, foi eleito em 1978. O Papa que veio do Leste abriu a Igreja para o mundo e promoveu a aproximação entre povos e religiões realizando 102 viagens a 129 países. Mas aquele que é considerado por muitos como o “avô da humanidade”, deixou de ser o activo peregrino que viajava pelos quatro cantos do mundo, para se transformar num homem enfraquecido pela doença de Parkinson, pela artrite e, recentemente, por problemas respiratórios que o levaram a dois internamentos de urgência numa clínica italiana.

Sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 1981, na Praça de S. Pedro, sofreu várias quedas e teve um tumor intestinal. Em 2003, a artrite incapacitou-o de caminhar e sua mão esquerda passou a tremer de forma incontrolável. Seu rosto perdeu as feições afáveis e tornou-se numa face rígida com dificuldades na fala. Agora recupera a voz, após sofrer uma traqueotomia.

As cerimónias em que aparece, apresentam forte mediatismo, e as câmaras de televisão ampliam os seus sinais de dor e angústia. A sua dificuldade de movimentos. A sua voz frágil, símbolo da sua debilidade física.

Aos 84 anos, João Paulo II tem um historial de 26 anos de pontificado e uma imagem de resistente à dor, à adversidade. E quando todos clamam pela sua resignação, continua a lutar abnegadamente com todas as suas forças e a recusa-se a abandonar a sua família – os católicos.

E pergunto de novo: João Paulo II é uma imagem de fraqueza ou uma imagem de força? Para mim é uma imagem de força.

No mundo moderno os nossos heróis são homens fortes, bem parecidos. O culto do corpo, da figura, da imagem pública, ultrapassa os valores humanos. Os líderes devem ser fotogénicos, falar bem, ter boa presença em televisão. São os líderes transformados pelo marketing numa sociedade de consumo.

João Paulo II é o anti-herói. É o homem que, como Jesus Cristo, parece carregar sobre os seus ombros todos os pecados do mundo. Durante a última década, na sua caminhada de mártir, parece carregar a cruz no seu calvário. E na sua prostração, deixa a face verdadeiramente humana. A face de um homem que, como todos nós, sofre, padece e sustenta a dor.

A sua resistência é o maior legado que deixa à humanidade. É a verdadeira essência de um homem de Fé. É a fragilidade que acentua a sua grande nobreza. A contrapor com os heróis de plástico dos nossos dias, João Paulo II é um homem verdadeiro, de carne e osso, de glórias e angústias. O Papa não é um atlético olímpico nem um modelo de passerelle – é um líder espiritual!

Por: João Morgado

Sobre o autor

Leave a Reply