Nos primeiros quatro meses deste ano, o grupo Joalto, segundo maior transportador de passageiros em Portugal, gastou mais 500 mil euros em gasóleo em relação ao período homólogo de 2007 e para a mesma quantidade de combustível. Esta é uma das consequências do constante aumento do gasóleo na empresa sedeada na Guarda, que reclama maior apoio do Estado para a renovação da frota. Actualmente com 880 autocarros, o grupo Joalto gasta, em média, 15 milhões de litros de gasóleo por ano.
Com os constantes aumentos dos preços dos combustíveis é inevitável que os preços dos bilhetes subam também, sendo que «no decurso da próxima semana deverá sair uma portaria que prevê um aumento dos bilhetes entre 5 a 6 por cento», adianta o administrador do grupo, José Luís Almeida. Ao invés, em Lisboa e no Porto, os preços dos passes «vão ser congelados», uma situação que considera «injusta e, quiçá, mesmo inconstitucional», uma vez que os passageiros das duas maiores cidades do país vão ser «protegidos, enquanto os demais irão sofrer um incremento de preços», constata. De resto, o empresário salienta que «para a mesma quilometragem», em Lisboa e no Porto «os preços já são 20 ou 30 por cento mais baratos» do que no resto do país, «o que é uma injustiça para o cidadão que não vive nessas zonas», considera. Por outro lado, fora destas duas cidades «nenhuma empresa privada recebe indemnizações compensatórias». Por isso, e tendo em conta as repetidas subidas de preços do gasóleo, o administrador considera que esta deveria ser uma altura em que os transportes públicos «deveriam ser apoiados».
Contudo, a empresa não registou um aumento de passageiros. Antes pelo contrário, na Guarda e Covilhã verificou-se mesmo uma «redução de passageiros nas carreiras interurbanas e no transporte colectivo». Nesse sentido, a Joalto tem registado um «aumento de custos e redução das receitas». José Luís Almeida recorda que estava previsto que, no segundo semestre deste ano, a Secretaria de Estado dos Transportes lançasse o gasóleo profissional, que custaria menos oito cêntimos às empresas, mas já é certo que essa medida não irá avançar, «provavelmente por questões orçamentais», vaticina. Mas o administrador defende que, «por questões ambientais, desde logo, e também energéticas, o Estado deveria fazer um esforço para apoiar o transporte colectivo». Como isso não acontece, «terá de haver um aumento de custo junto dos passageiros», avisa.
Na sua opinião, a renovação das frotas de autocarros devia ser mais apoiada pelo Estado», pois «contribuiria para a redução dos custos energéticos». Aliás, se o Estado apoiasse agora, haveria «uma melhor eficiência energética e redução de emissão de CO2», o que implicaria uma «redução de custo de pagamentos de quotas de CO2 em 2012». A idade média dos autocarros em Portugal é de 16 anos, mas «perante o aumento de custos com o combustível será impossível às empresas renovarem as frotas». Assim, «se investisse no apoio ao reforço e renovação de frota, o Estado teria muito a ganhar», garante. Para José Luís Almeida, há um «problema de mentalidade» que tem de ser alterada: «É urgente apostar no transporte colectivo por questões energéticas e ambientais. Se houver mais gente a viajar de autocarro haverá mais autocarros, porque será possível rentabilizar o transporte. Tem é de haver políticas coerentes. O transporte individual domina nas cidades, mas se se privilegia o transporte individual as empresas não têm como melhorar a rede de transportes colectivos», alerta.
Ricardo Cordeiro